quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Livro: Hip Hop e a Filosofia

     Coordenado por William Irwin e com a coletânra de textos organizada por Derrick Darby e Tommie Shelby, o ivro não procura simplesmente situar fundamentos filosóficos na cultura Hip Hop, como se ela precisasse disso. Ao contrário, discute letras, atitudes exitenciais, comportamentos, modalidades de ativismo e resistência política. O livro discute a violência da polícia contra os negros, comportamentos sexuais, papel da mulher etc. Lamentável que não haja, por parte dos editores brasileiros, qualquer referência ao movimento Hip Hop no Brasil. 
     O Hip Hop é um gênero musical incompreendido por muitas pessoas. Recentemente, tem sido associado ao estilo ostensivo dos cantores de rap, que exibem seus carrões e correntes de ouro, ou ainda, a músicas depreciativas, principalmente em relação às mulheres. No entanto, poucos sabem que o Hip Hop tem suas raízes fixadas em uma forte ideologia de emancipação dos negros e na redução da desigualdade social decorrente do preconceito racial. Essa disparidade fez com que os autores Derrick Darby e Tommie Shelby examinassem mais detalhadamente esse gênero musical e, baseados em seus conhecimentos filosóficos, produzissem este livro, com o intuito de mostrar que, mesmo com a popularização do Hip Hop, ainda é possível extrair muito de sua essência africana e de seu conteúdo contestador. 
     Por isso, este livro não é interessante apenas para aqueles que apreciam o Hip Hop, pois ele também ampliará seu conhecimento com relação a uma comunidade específica, e, por meio das analogias com filósofos como Nietzsche, Platão, Hobbes, Mill, entre outros, você irá se deparar com posições às vezes antagônicas, porém consistentes, sobre o comportamento do ser humano independentemente da sua raça.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Livro: Hip Hop - A cultura marginal

     "Paz, amor, união e diversão”, essa é a proposta do livro Hip Hop – A Cultura Marginal, escrito por Anita Motta e Jéssica Balbino, que é, o tempo todo, fiel a história do hip hop no Brasil e no mundo.
       Com uma linguagem jornalística das grandes reportagens, clara, doce, dinâmica, eficiente, coloquial e informativa, marcada por histórias singulares com uma riqueza de dados surpreendente.
      Definitivamente é um livro que traz o retrato de uma cultura urbana, emergente das classes populares das metrópoles.
     Uma verdadeira aula de hip hop, que já começa no título, nos fazendo questionar, que cultura é essa? Que marginal é esse?
É um livro gostoso de ler, com conteúdos específicos, poesias, histórias e curiosidades únicas. Um material que é com certeza um registro histórico-cultural, daquele que é o maior movimento social dos últimos 30 anos. Esta obra, contribui, inegavelmente para dar mais visibilidade a uma cultura que carrega em sua face, o olhar do preconceito, da ignorância, da desigualdade e da exclusão a partir daqueles que desconhecem, rotulam ou ignoram.
    Afirmo que é louvável a produção das jornalistas que se lançaram a campo para registrar a voz de um movimento, ritmo e cultura, certificando que mesmo numa forma de deficiência a universidade ainda forma seres pensantes, que estão à frente na análise das manifestações culturais e fenômenos sociais, muito antes do que qualquer meio de comunicação.
     Elas dizem assim, no capítulo inicial: “Vem ardendo, sangrando e machucando. É o berro que emana dos morros, guetos e favelas. Vem dos locais mais pobres, o grito desesperado de quem vem da periferia. Chega ao asfalto carregado de protesto, indignação, carência, vontade, luta e marginalidade”.

Livro: O hip Hop está morto!

   Primeiro romance de Toni C. envolve grande trabalho de pesquisa sobre a cultura hip-hop e contextualiza partes importantes da história junto a ficção.
    O nome, por si, já desperta o interesse e a brincadeira de cores – verde e amarelo – prometem um romance ao melhor estilo tupiniquim.
     Agitador cultural, autor e organizador de outras obras, Toni C., ousa ao se apropriar do movimento/cultura hip-hop como personagem principal de um romance, não ao estilo de Luiz Puntel em “O grito do hip-hop” e em longe do gringo “O hip-hop e a filosofia”, o escritor brasileiro traz para as 150 páginas do livro muita filosofia e antropologia, numa análise pessoal e personificada por um hip-hop que neste caso – e somente nesta sacada excepcional do autor – ganha corpo e sentimentos.
     A linguagem coloquial e as fotos de personalidades da cultura no Brasil e também fora dele dão estilo ao produto e mais charme à narrativa, feita em terceira pessoa e passeando por personagens fictícios e reais, ou seriam reais e fictícios?
     A resposta fica por conta de quem lê, se é que isso é possível. Um incômodo acompanha o leitor da primeira a última página do romance.
    Sugestivo, provocante e esclarecedor. O livro também pode ser descrito desta maneira. Com elementos saudosistas, Toni C., mescla passado e futuro numa consciência coletiva e não poupa quem lê.

Retirado do blog de Jéssica Balbino (autora do Livro: Hip Hop, a cultura marginal)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Livro: Hip Hop, A periferia grita

      O livro escrito pelas jornalistas Janaína Rocha, Mirella Domenich e Patrícia Casseano traz curiosidades, como a origem do break, aquela dança robótica que compõe o hip hop, ao lado do rap e do grafite. Os primeiros breakers surgiram nas ruas do Bronx nova-iorquino no fim da década de 60 e protestavam contra a Guerra do Vietnã por meio de passos de dança que simulavam os movimentos dos feridos. “Cada movimento do break possui como base o reflexo do corpo debilitado dos soldados norte-americanos ou demonstra a lembrança de um objeto utilizado no confronto com os vietnamitas, como o próprio giro de cabeça”, diz a educadora Elaine Andrade, referindo-se àquele movimento em que o dançarino fica com a cabeça no chão, mantém as pernas para cima e gira o corpo, como uma hélice de helicóptero.
     O livro dá conta ainda das contradições do hip hop, como a relação ambígua que mantém com o mercado. Ao mesmo tempo em que criticam a mídia e tentam conservar uma postura independente, os artistas reconhecem a importância dos meios de comunicação para a popularização do movimento. “Se num primeiro momento o rap disse não, hoje mídia e indústria precisam do rap — e o rap precisa delas”, escrevem as autoras. “Apropriado pela indústria cultural, o rap também se apropria dela para garantir espaço para as denúncias”, reforça a socióloga Maria Eduarda Araújo Guimarães.
     Mas o livro tem lacunas. A mais grave delas talvez seja a ausência da cena hip hop carioca, em franca expansão. MV Bill, claro, está lá, mas não há referências às meninas do Anfetaminas e do NegaAtivas, nem às rappers Nega Gizza e Ed Whiller. Não há uma linha sobre Ryo Radical Raps, Filhos do Gueto, Veredito do Gueto, Mahal (filho de Luiz Melodia), Buiú da 12, Esquadrão Zona Norte, Ciência Rimática, Shawlin, O Bando, Inumanos, Marechal e Black Alien. Também ficou de fora uma das figuras mais representativas do hip hop carioca, a produtora Elza Cohen, responsável pela principal festa do Rio, a Zoeira, que desde ontem tem endereço novo: a casa L.A.P.A. O mercado editorial ainda está devendo uma obra sobre o assunto. 

(Trechos da resenha publicada no jornal O Globo de 02/12/2001 pelo Jornalista Mauro Ventura)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Livro: Hip Hop - Da rua para a escola

     Este livro escrito por Jusamara Souza, Vânia Malagutti Fialho e Juciane Araldi fala do Hip Hop das ruas de Porto Alegre. 
      O material foi organizado a partir de duas pesquisas: A primeira, realizada em 2003 por Vânia Fialho, onde esta analisa o programa de televisão "Hip Hop Sul". Onde uma das questões abordadas foi a relação entre o programa e os grupos de rap que dele participam, procurando compreender a função da televisão na cultura musical hip hop.
      A obra surgiu com a necessidade de divulgar trabalhos de pesquisas e reflexões acadêmicas para estreitar o contato entre a universidade, escolas e comunidade. Além de socializar trabalhos científicos, fazendo com que as pesquisas ultrapassem os muros da universidade, procurou-se dar um caráter didático à publicação, para torná-la acessível ao Ensino Fundamental e Médio.
     O livro contou com a disposição dos rappers e DJs, em compartilhar sua cultura. Oferece ao leitor uma visão do Hip Hop gaúcho de uma forma superficial mas ao mesmo tempo importante  para o reconhecimento desta cultura não somente no eixo Rio - São Paulo, mas em diversas comunidades. 
       Ainda, possui um brinde: um CD com músicas de bandas de Hip Hop do Rio Grande do Sul.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Orgulho ou Radicalismo no Hip Hop ?

     Um dos maiores defeitos de muitos adeptos da filosofia Hip Hop tem sido o orgulho, mas não o orgulho de uma ação bem feita, mas a de quem não sabe tudo e percebe que não é tão perfeito(a) quanto se imagina ser.   Em muitos dos casos vemos até um posicionamento radical quanto à sua postura perante a filosofia Hip Hop em não aceitar outra coisa em seu mundo que não o que este conheça e domine.
     Vejamos por exemplo a base do movimento Hip Hop, que deveria ser a de lutar para diminuir as desigualdades raciais e sociais,  mas muitos se colocam contra vários aspectos que dizem lutar.   
      Quantas pessoas você ouve falar que são discriminadas e se tornam discriminadoras frente às opiniões contrárias as suas?  Quantos negros se dizem discriminados pela cor de sua pele, mas não se tornam melhores discrimando pessoas de outra cor?  
     Na Dança de Rua também acontece isto.   O que deveria ser a manifestação cultural e popular de uma comunidade, região ou outra localidade, através do Hip Hop, muitas das vezes se torna motivo de desavenças e críticas negativas por não possuírem o mesmo estilo e por não serem do mesmo grupo.
   Percebo que muitos B-Boys e B-Girls se discriminam mutuamente, acreditando por muitas das vezes que um dos sexos é superior neste estilo.  Outra questão ainda com os praticantes do estilo B-Boy é a discriminação e a não aceitação de outros estilos de Dança de Rua, classificando com única manifestação do movimento Hip Hop o estilo que estes dominam.   Já ouvi muitos criticarem dizendo que não aceitam porque outros estilos usam coreografia.  Mas quando um B-Boy executa uma sequência de "Break" ou "B-Boy", ele acha que isto não é coreografia?   Será que esta pessoa estuda mesmo ao ponto de conseguir entender o que significa coreografia?
      Quantos dançarinos de Dança de Rua realmente estão dispostos a incorporar outros elementos à sua rotina?  Creio que este seria um diferencial às propostas que pretendem apresentar, afinal quem não gosta de ouvir as pessoas elogiarem um trabalho bem feito?
      Porque alguns "mestres" na arte da Dança de Rua (subentenda-se em determinado estilo), não tem humildade de ir de encontro à outras propostas para incrementarem suas rotinas coreográficas?   Tem medo de que seus "discípulos os notem como falhos ou não conseguem entender a importância de estudar uma gama maior de movimentos e propostas?
      E a questão parece não parar por aí, alguns estilos de Dança de Rua parecem estar sendo criados a cada dia, rotulando  os mesmos e tendo a parcela de praticantes cada vez mais fragmentada.   Digo fragmentada porque muitos se tornam excelentes praticantes de um estilo que não conseguem aceitar que não são excelentes dançarinos, só dominam aquele determinado estilo por praticarem excessivamente... Orgulho!   Mas também não se disponibilizam a aprender outros estilos, porque assim acreditam que serão menosprezados por não saberem dançar tão bem quanto eles acreditam dançar e acabam menosprezando e discriminando outros estilos de Dança de Rua... Radicalismo!
     Precisamos parar de disseminar uma proposta contrária à filosofia Hip Hop (que deveria ser de união, paz e fraternidade), ou então, seria melhor estas pessoas criarem um outro termo para definir esta dança que eles apresentam... e deixar o verdadeiro Hip Hop para quem sabe fazê-lo e pode utilizá-lo no dia a dia, afinal a Dança, o Canto, a Música, a Arte e o Esporte fazem parte das formas de mudar o mundo de forma saudável e inteligente.  E isto sim é ter atitude Hip Hop, sem preconceitos e sem radicalismos.