quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Rótulos na Dança de Rua, modismo ou necessidade?

     Fico me perguntando porque a Dança de Rua moderna está tendo a necessidade de colocar nomes em "novos" estilos que vem surgindo?  Porque as pessoas vão aos estilos antigos, colocam elementos novos e "batizam" com outro nome?
     Tiremos como exemplo o estilo Wacking, que nada mais é que o Locking em que os homossexuais masculinos por terem sidos discriminados por não fazerem da mesma maneira que a técnica tradicional, acrescentado trejeitos tido como afeminados e posteriormente acrescentando elementos do estilo Vogue, poses e trejeitos "gays" e/ou exageradamente femininos, rotularam como um estilo novo.   Concordo que seja algo diferente, mas aproveito para que as pessoas repensem um dos princípios que norteiam (implicitamente) a Dança de Rua, que é o de acrescentar elementos do cotidiano e de outros estilos de dança as coreografias.  
      Se começarmos a rotular cada estilo que aparece, como House, Ragga, Street Beat, Cardio Funk e muitos outros, não estaríamos descaracterizando a Dança de Rua e não estaria com isso tornando cada estilo uma dança academica com propriedades específicas?
      Na verdade a minha maior angústia quando vejo novos estilos aparecendo é que, muitos dançarinos excelentes aproveitam-se do modismo que parece tomar conta do Hip Hop moderno para divulgar coisas nem são tão novas assim (somente com uma roupagem um pouco diferente do que em algumas épocas surgiram e/ou depois desapareceram) e as pessoas digerirem isto sem quaisquer conhecimentos aprofundados, ou pior, se "especializarem" nestes novos rótulos e não oportunizarem adquirir novos conhecimentos e ainda assim se dizerem dançarinos de Dança de Rua.
       Com isso faço novamente a pergunta título deste artigo: Modismo ou Necessidade?   Pergunto, porque muitos estilos parecem aparecer, vender novos ícones, estes ganham dinheiro e depois somem para dar espaço para um novo estilo... e, necessidade, porque parece que alguns estilos aparecem e tem a necessidade de se criar uma identidade caracterizando um determinado grupo que se especializou nesta nova tendência.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Livro: Letramentos de Reexistência - Poesia, Grafite, Música, Dança - Hip Hop

     O livro de Ana Lúcia Silva Souza aponta para a diversidade de práticas letradas que conformam a realidade brasileira e confronta as grandes desigualdades existentes entre grupos, segundo sua origem social, escolaridade, inserção profissional, faixa etária, gênero, raça. 
   Mostra também que a compreensão dessa complexidade e, principalmente, as possibilidades de mudança nas práticas letradas dos sujeitos são reais.
     Ana Lúcia Silva Souza demonstra aqui a complexidade dos letramentos quando em meio a atividades culturais e políticas, nas interações por meio da linguagem no movimento cultural hip-hop, ela se alia a sujeitos que descobrem, localizam, apontam, propõem, agem e ensinam outros a agir.  Nesse movimento, eles reinventam e conjugam os letramentos da vida e o da escola.  
     Desse modo, em Letramentos de reexistência, vemos uma escola contestada, mas também deslocada a favor dos jovens, quando eles conseguem repensar e atribuir sentidos sociais à instituição.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Livro: Dança de Rua: Corpos para além do movimento

    Utilizando-se de ricas fontes, entremeando depoimentos, imagens, referências de filmes e da imprensa escrita, o autor Rafael Guarato consegue equilibrar a necessidade de distanciamento do historiador em relação a objetos muito próximos de seu convívio e paixão também necessária para expor com poesia os sentimentos, o movimento e a linguagem corporal presente na estética da dança.
        O livro traz reflexões acerca das transformações estéticas e sócio-culturais na dança de rua ao longo de sua existência, abrangendo a importância de tal prática no cotidiano dos sujeitos que a praticam, suas imbricações com outras formas de dança e suas relações com os veículos de comunicação de massa. Bem como abrange discussões pertinentes ao hip hop, jazz, funk e street dance; por meio de uma nova e diferente forma de pesquisa em dança pelos caminhos traçados pela história cultural.

Livro: Dança de Rua

      O livro de autoria de Ana Cristina Ribeiro Silva e Ricardo Cardoso não é um livro didático em termos de Dança de Rua, mas é uma das poucas existentes no país e deve ser olhado com bons olhos, tendo em vista que poucos se "habilitam" a fazer.
     Dança de Rua vai além de um título, é arte, é vida, é cultura que nasce nas ruas. Vai além de um simples manual sobre "Aprenda a dançar Hip Hop", envolve arte, cultura e história de muitas vidas que se transformaram. Estuda uma das maiores manifestações culturais, que influenciou e influencia a juventude do mundo inteiro, o Hip Hop.

       Apresenta pessoas que nunca imaginaram percorrer o mundo, mostrando uma cultura que nasceu em um bairro pobre, nos Estados Unidos da América, espalhando-se por todo o país e para fora dele. Pessoas que se dedicaram em demonstrar que os guetos eram e são um depósito de talentos.

Livro: O grito do Hip Hop

     Morando em uma favela lá pros lados do Capão Redondo, periferia de São Paulo, Toninho leva uma vida difícil. Órfão desde muito cedo, trabalha para ajudar sua mãe e sua irmã, convivendo diariamente com a pobreza, o desemprego, a criminalidade. 
     Nem por isso deixa de se divertir. Com seus amigos Gera e Beó adora pichar muros e paredes, deixando a marca da turma pela cidade. A alegria rápida do spray, contudo, vai perdendo a graça à medida que Toninho entra em contato com ativistas do movimento hip hop (rappers, grafiteiros, educadores).
      Neste livro, você vai acompanhar os passos dessa descoberta, o percurso de um grito que nasce da indignação.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Livro: Hip Hop à lápis - Literatura do oprimido

      Este é um livro (segundo os autores) para ficar guardado na estante. Por que se sair de lá, vai mexer com você. 
     Ousado, polêmico, desafiador, reflexivo, instigante, inteligente… É isto que encontrará nas 272 páginas do livro Hip-Hop a Lápis – A Literatura do Oprimido.
     O segundo livro da série produzida pelo Ponto de Cultura Hip-Hop a Lápis. Com diversidade de temas e abordagens dos 60 autores de todos os cantos, cores e escolaridades mas com uma coisa em comum, a paixão pelo Hip-Hop e pela literatura. Os rappers, nomes conhecidos, os pesquisadores, os leitores, os fãs, todos juntos e misturados.

Livro: Hip Hop à lápis

      Este livro é um clássico da LiteraRUA, reúne os principais textos que foram publicados, entre 2002 e 2004, na seção Hip-Hop a Lápis do portal Vermelho (www.vermelho.org.br/hip-hop).
      O livro é organizado por Toni C. e tem prefácio de Ferréz além de poesia de Sergio Vaz comentários na capa de Aliado G entre outros.
      Infelizmente por ser de difícil acesso e estar praticamente esgotado não foi possível ter uma sinópse em que possa  ter informações melhores.

Livro: Hip Hop:Cultura de rua

     Coletânea lançada pela gravadora Eldorado, em 89, "Hip Hop: Cultura de Rua" também é o nome do livro assinado pelo fotógrafo e grafiteiro Fábio Aparecido da Motta, o Kaseone, e Raul Dias assina a curadoria do projeto.
      O livro foi lançado no fim de 2011 e apresenta a história de gangues paulistanas e o início da cultura hip hop na cidade de São Paulo em 72 fotografias.
      "Nesse livro, você vai conhecer a primeira parte da história. O largo São Bento, o início das gangues, as instalações e as primeiras pessoas que fizeram nome com o grafite, a música e a dança", explica Kaseone.
     “Frequentava ‘points’ do grafite e naquele tempo não tinha nenhuma pretensão com esse trabalho. Estava fazendo um arquivo pessoal dos meus amigos e acabou que fui o único que registrou todo esse processo do início da cultura hip hop em São Paulo”, explica.
      O fotógrafo conta que fazia suas imagens com uma máquina "que é igual a do personagem Busca Pé, em 'Cidade de Deus'". E por não ter recursos para aparelhagem, que era cara, ficava horas tentando captar uma imagem. 
      O projeto, que foi lançado como um edital da Prefeitura de São Paulo, o programa VAI, agora terá segunda parte da história em um segundo livro com mais detalhes do movimento na cidade de São Paulo. "Na época, a gente se chamava de gangue, que em Nova York estava diretamente liderado a gangues de tráfico. Quando a gente foi entender o conceito de 'crew' e a cultura por meio de um amigo que foi pra lá, já vivíamos com isso há 12, 13 anos", conta.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Livro: O livro vermelho do Hip Hop

 Um dos primeiros estudos e grande referência bibliográfica que o Hip Hop brasileiro possui, "O Livro Vermelho do Hip Hop" é fruto de um trabalho de conclusão de curso produzido por Spensy Pimentel, pela Universidade de São Paulo.
Gente pobre, com empregos mal remunerados, baixa escolaridade, pele escura. Jovens pelas ruas, desocupados, abandonaram a escola por não verem o porquê de aprender sobre democracia e liberdade se vivem apanhando da polícia e sendo discriminados no mercado de trabalho. Ruas sujas e abandonadas, poucos espaços para o lazer. Alguns, revoltados ou acovardados, partem para a violência, o crime, o álcool, as drogas; muitos buscam na religião a esperança para suportar o dia-a-dia; outros ouvem música, dançam, desenham nas paredes..
Por incrível que pareça, não é o Brasil. Falamos dos guetos negros de Nova York nos anos 70, tempo e lugar onde nasceu o mais importante movimento negro e jovem da atualidade, o Hip Hop.
As semelhanças não são coincidência: tanto os Estados Unidos como o Brasil foram construídos com o trabalho escravo de negros seqüestrados de suas terras na África. Aqui e lá, a abolição da escravatura foi conseguida com luta e revolta, batalhas incontáveis, meras notas de rodapé nos livros de História, cheios de seus heróis brancos tão generosos, que estenderam a mão para tirar índios e negros de sua ignorância, seus costumes bárbaros, suas religiões pagãs.

Livro: No olho do furacão

    No olho do furacão, de Anderson Quack, da Coleção Tramas Urbanas, com curadoria de Heloisa Buarque de Hollanda, chega às livrarias com o selo da Aeroplano Editora e com o patrocínio da Petrobras. No olho do furacão conta a história de Anderson Quack, que se mistura com a história da Cufa, do Hutúz e com a criação da Cia. Tumulto.
     O livro fala da vida de Quack desde a época que ele vendia picolé e, logo depois, foi ser boy de macumba. Fala de família, preconceito, teatro, hip-hop e samba. E exalta a Cidade de Deus como sua terra e a Cufa como seu ponto de partida profissional e pessoal. Muito da sua vida é na CDD: a juventude do baile funk, as vivências com os pixiguitos, a primeira transa e a Cufa Cidade de Deus... 
      É um livro emocionante, de um ótimo contador de histórias, que com uma narrativa única mostra que passado, presente e futuro andam juntos na vida do autor.

Livro: Hip Hop, dentro do movimento

     O livro reúne pensamentos sobre o movimento do Hip Hop pelo próprio autor, Buzo, apresentador do quadro “Buzão – Circular Periférico”, do Programa Manos e minas da TV Cultura, idealizador do tradicional movimento de Hip Hop Favela Toma Conta e dono da Livraria Suburbano Convicto, no Bixiga (SP), única do país especializada em literatura marginal. Além de pensamentos do escritor, o livro conta com entrevistas, feitas por Buzo, de Dexter, Celso Athayde, Jéssica Balbino, Dudu de Morro Agudo, Re.Fem, Alexandre de Maio, Nelson Triunfo, Dário, entre outros, e depoimentos de Gerson King Combo, Negra Li, Fernando Bonassi e Paula Lima.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Livro: Acorda Hip Hop

      De autoria de DJ TR, pesquisador e especialista em Hip Hop nacional e estrangeiro, Acorda Hip Hop resgata a história deste gênero que há muito deixou os guetos e hoje chega a todos os segmentos da sociedade.
     Brancos; negros; homens; mulheres; no Brasil ou fora dele. O movimento que começou nos bairros pobres de Nova Iorque difundiu seus elementos (grafite, break, MC) e espalhou sua mensagem mundo a fora.    
      Criado a partir de elementos da música reggae, o canto de forma improvisada em cima de uma batida caiu no gosto dos jovens pobres nas periferias americanas e de lá para o mundo.
      Dos primórdios na década de 1970 com Run DMC, NWE e Public Enemy até os Beastie Boys e o rap com banda, encontrando no Brasil seus principais representantes (os Racionais Mc’s) nos anos 1980 até a criação e proliferação do Gangsta Rap (Snoopy Dog e Dr Dre) na década de 1990.
      Muito deste desenvolvimento se deve à Rick Rubin, produtor de obras clássicas como Raising Hell do Run-D.M.C. e Licensed to Ill dos Beastie Boys, ambos de 1986 e It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back do Public Enemy (1988).
      A partir deste ponto, o hip hop foi ficando cada vez mais popular e saiu das áreas pobres para ganhar espaço em programas de TV como na MTV e no caso do Brasil na Tv Cultura.
      Com depoimentos de Mano Brown, Gabriel, o pensador e Nino Brown, DJ TR nos apresenta uma bela síntese deste gênero que soube mesclar protesto e diversão.

Livro: Gangues. Galeras. Chegados e Rappers

      O livro Gangues, galeras, chegados e rappers consiste em um estudo que tem a finalidade de analisar as formas emergentes de sociabilidade transgressora entre jovens nas cidades-satélites de Brasília: as gangues e galeras das cidades de periferia.
      Nesse sentido, traça o perfil dos jovens que vivem nas cidades de periferia do Plano Piloto nas áreas de atuação das gangues e galeras; caracteriza as atitudes desses jovens em relação às gangues e galeras, assim como à violência em geral e; analisa as representações sociais sobre a violência entre os jovens pertencentes a esses agrupamentos, assim como suas práticas e formas de sociabilidade.
       A pesquisa combina abordagens quantitativa e qualitativa, ou seja, questionários e entrevistas individuais e de grupo.
Como resultado, a pesquisa retrata, as "vozes" desses jovens, seus modos de organização, além de suas percepções sobre a violência e a exclusão social.
     Um dos aspectos enfatizados é o sentimento de exclusão experimentado por esses jovens. Em relação aos jovens do Plano Piloto, aqueles que vivem nas cidades-satélites sentem-se desprezados, humilhados - seja por sua aparência física e modo de se vestir, seja pela dificuldade de acesso a uma escola de qualidade, além das limitações impostas pelo mercado de trabalho em decorrênica da condição social deles.
       Dentro desse contexto, os jovens que escolhem pertencer a uma gangue afirmam estar em busca de um "lugar". A gangue é, portanto, percebida como uma espaço alternativo, uma esfera de relações nas quais eles são levados em conta, protegidos.
       Para esses jovens, o uso da violência é percebido como válido, desde que sejam respeitadas algumas regras (por exemplo, não roubar idosos, roubar dos mais ricos, entre outras). No entanto, é fundamental considerar que, para eles, a vida vale muito pouco e a avaliação do crime e dos seus limites depende das circunstâncias.   
     Não existe uma moral a priori: são as circunstâncias que determinam quem, onde e como se pode matar ou deixar de matar.
     Os rappers surgem como um contraponto às gangues. Eles fazem o som da juventude de periferia, denunciando e retratando, com palavras agressivas, o mundo em que vivem. Nesse sentido, o rap não é necessariamente uma apologia da violência - senão um retrato do mundo em que os jovens vivem.
      Na pesquisa, o  rap surge como um importante elemento de formação da identidade social da periferia do Distrito Federal, além de uma via que possibilita o afastamento dos jovens das gangues e da criminalidade.

Livro: Abalando os anos 90 - Funk & Hip-Hop

     Esta coletânea reúne uma mostra expressiva dos estudos que vêm sendo desenvolvidos sobre o funk e o hip-hop e reavalia a importância sociocultural dessas expressões juvenis na esfera urbana atual.     
   As articulações entre Estado, sociedade e mercado são observadas tendo como parâmetro a relação entre esses grupos e o poder nos anos 90.  
     Os funkeiros e rappers parecem construir, por uma via sinuosa e por constantes tensões, conflitos e negociações, um conjunto de códigos e estilos híbridos (com referências locais/internacionais) que permitem que ocupem uma posição periférica e ao mesmo tempo central na cultura contemporânea. 
       Eles simbolizam tanto a possibilidade de construção de uma visão crítica e plural do social quanto a sua medição e administração pelas estruturas que gerenciam os ritmos do consumo. As imagens do funkeiros e do rapper veiculadas pela mídia quase sempre os associam a gangues e organizações criminosas, mas ao mesmo tempo é crescente o interesse já despertado por sua produção cultural. Apesar do constante processo de estigmatização, o perfil desses jovens exerce um enorme fascínio. 
    A sociabilidade e o estilo que promovem são formas fundamentais de expressão e comunicação. Abalando os Anos 90 capta com agudeza, ao longo de seus diversos artigos, os pontos de vista sobre esses personagens que formam um dos perfis mais instigantes da juventude dos anos 90. O funk e o hip-hop são espelhos de seu tempo. 
     Os artigos reunidos em Abalando os anos 90 partem do pressuposto de que tais manifestações culturais têm contribuído para evidenciar o intenso processo de fragmentação e homogeneização que marca a dinâmica sociocultural e trazem subsídios para se reavaliar a imagem das sociedades atuais. 
      O organizador da coletânea, Michael Herschmam, nasceu no Rio de janeiro em 1964 e é atualmente pesquisador do Núcleo de Projetos em Comunicação (NEPCOM), Professor de cultura brasileira de UERJ e um dos editores da revista Lugar Comum. Estudos de Mídia, Cultura & Democrata. É co-autor de Lance de sorte. O futebol e o jogo na Belle Époque carioca (com Kátia Lerner), Missionários do progresso. Médicos, engenheiros e educadores no Rio de janeiro - 1870/1937 (com Simone Kropf e Clarice Nunes) e co -organizador de A invenção do Brasil moderno (com Carlos Alberto M. Pereira). ''