Quando a Dança de Rua surgiu, na verdade já existia, (mas quando esta começou a ser divulgada e reconhecida) tinha como rótulo inicial o nome de "BREAK", porque nela era constituída toda e qualquer dança produzida nos guetos americanos juntando a cultura de cada região e experiências pessoais em momentos de lazer. Nesta época os estilos mais conhecidos eram o Popping, Locking e o B-Boy, juntos formavam a dança denominada Break, mas depois com as especializações dos dançarinos em estilos diferenciados o Break passou a ser chamado de Dança de Rua e surgiu então uma nova tendência: a de aperfeiçoamento e de criação de novos estilos.
Com o passar dos anos a Dança de Rua passou a ser reconhecida pela mídia e divulgada em muitos outros ambientes diferentes daqueles onde foram criados, com isso as diversas culturas passaram a influenciar nos estilos e criaram-se muitos outros, mas tendo como base a tradicional Dança de Rua.
Infelizmente muitos dançarinos e intelectuais passaram a se autodenominar especialistas e filósofos de dança, sem ao menos situarem-se no contexto, estudarem ou vivenciarem suas práticas, divulgando algumas tendências errôneas a respeito da Dança de Rua, tanto que não se vê nenhuma pesquisa ou estudo específico sobre Dança de Rua nas Universidades sem que haja relação com as danças antigas e normatizadas ou com algum cunho didático-pedagógico (até porque os orientadores são leigos no assunto e não admitem orientar algo em que não se encontram habilitados, com isso propagam-se muitas idéias e conceitos equivocados). Gostaria muito de ver um Professor Universitário de Dança de Rua (ou Dança Urbana - ARGH!) que fosse realmente especialista na área e não um Professor de Balé ou Dança Contemporânea falando de assuntos aos quais não conhece com profundidade.
Hoje a Dança de Rua está presente em comerciais e programas de competições de dança e em muitos outros segmentos da sociedade, mas fica a pergunta: o que vemos é realmente Dança de Rua ou é uma dança que o público quer ver? A Dança de Rua é feita de malabarismos somente?
Muitos adeptos deste estilo de dança tem grande resistência a novas tendências, mas outros, em contrapartida, destroem completamente as raízes de um estilo com características bem claras e o transformam em algo vendável ou intelectualizado demais. Queria saber se eles se permitem deixar de lado as normas das danças clássicas e normatizadas que classificam como essenciais para o aprendizado da dança? Porque a Dança de Rua tem de se subverter tanto ao ponto das pessoas acharem que não é possível ensinar um giro sem a base do balé, por exemplo?
Hoje a Dança de Rua possui uma gama de vertentes, mas muitas delas não possuem sequer vínculos com a base da mesma, nem tampouco com a filosofia Hip Hop, caindo muitas das vezes, na obscura área das danças mutáveis, vendáveis e descartáveis.
Fico aqui com algumas perguntas:
* A Dança de Rua realmente evoluiu ou se vendeu para evoluir?
* Porque os dançarinos tradicionais tem tanta resistência a olhar novas tendências se a Dança de Rua é uma cultura feita pelo povo e para o povo?
* Quando teremos Professores especialistas em Dança de Rua nas universidades que são realmente especializados na área?
* Porque os verdadeiros pesquisadores na área de Hip Hop não são valorizados? E porque alguns não ampliam seu horizontes dentro do Hip Hop?