domingo, 6 de maio de 2012

A Evolução da Dança de Rua

     Quando a Dança de Rua surgiu, na verdade já existia, (mas quando esta começou a ser divulgada e reconhecida) tinha como rótulo inicial o nome de "BREAK", porque nela era constituída toda e qualquer dança produzida nos guetos americanos juntando a cultura de cada região e experiências pessoais em momentos de lazer. Nesta época os estilos mais conhecidos eram o Popping, Locking e o B-Boy, juntos formavam a dança denominada Break, mas depois com as especializações dos dançarinos em estilos diferenciados o Break passou a ser chamado de Dança de Rua e surgiu então uma nova tendência: a de aperfeiçoamento e de criação de novos estilos.
     Com o passar dos anos  a Dança de Rua passou a ser reconhecida pela mídia e divulgada em muitos outros ambientes diferentes daqueles onde foram criados, com isso as diversas culturas passaram a influenciar nos estilos e criaram-se muitos outros, mas tendo como base a tradicional Dança de Rua.  
     Infelizmente muitos dançarinos e intelectuais passaram a se autodenominar especialistas e filósofos de dança, sem ao menos situarem-se no contexto, estudarem ou vivenciarem suas práticas, divulgando algumas tendências errôneas a respeito da Dança de Rua, tanto que não se vê nenhuma pesquisa ou estudo específico sobre Dança de Rua nas Universidades sem que haja relação com as danças antigas e normatizadas ou com algum cunho didático-pedagógico (até porque os orientadores são leigos no assunto e não admitem orientar algo em que não se encontram habilitados, com isso propagam-se muitas idéias e conceitos equivocados).   Gostaria muito de ver um Professor Universitário de Dança de Rua (ou Dança Urbana - ARGH!) que fosse realmente especialista na área e não um Professor de Balé ou Dança Contemporânea falando de assuntos aos quais não conhece com profundidade.
      Hoje a Dança de Rua está presente em comerciais e programas de competições de dança e em muitos outros segmentos da sociedade, mas fica a pergunta: o que vemos é realmente Dança de Rua ou é uma dança que o público quer ver? A Dança de Rua é feita de malabarismos somente? 
      Muitos adeptos deste estilo de dança tem grande resistência a novas tendências, mas outros, em contrapartida, destroem completamente as raízes de um estilo com características bem claras e o transformam em algo vendável ou intelectualizado demais.     Queria saber se eles se permitem deixar de lado as normas das danças clássicas e normatizadas que classificam como essenciais para o aprendizado da dança?  Porque a Dança de Rua tem de se subverter tanto ao ponto das pessoas acharem que não é possível ensinar um giro sem a base do balé, por exemplo?
      Hoje a Dança de Rua possui uma gama de vertentes, mas muitas delas não possuem sequer vínculos com a base da mesma, nem tampouco com a filosofia Hip Hop, caindo muitas das vezes, na obscura área das danças mutáveis, vendáveis e descartáveis.
      Fico aqui com algumas perguntas: 
*  A Dança de Rua realmente evoluiu ou se vendeu para evoluir?  
* Porque os dançarinos tradicionais tem tanta resistência a olhar novas tendências se a Dança de Rua é uma cultura feita pelo povo e para o povo?
*  Quando teremos Professores especialistas em Dança de Rua nas universidades que são realmente especializados na área?
*  Porque os verdadeiros pesquisadores na área de Hip Hop não são valorizados? E porque alguns não ampliam seu horizontes dentro do Hip Hop?


terça-feira, 1 de maio de 2012

A mídia e o Hip Hop

      Muito se deve aos meios de comunicação, principalmente hoje em dia, quando a informação viaja muito mais rapidamente graças à internet.   Muito se investe neste meio de comunicação, mas muito se negligencia com a ânsia de estar à frente nas informações.
     Sabemos que no meado da década de 1980, a mídia teve importante papel nas artes, principalmente na música e na dança, mas infelizmente muitos dos que fazem parte da mídia não são "experts" naquilo que divulgam e nem tampouco procuram pessoas especializadas para que façam as divulgações de forma correta e com o máximo de informações fidedignas.
      Muitos criticam os programas e filmes onde a Dança de Rua é amplamente divulgada, mas poucos percebem a importância que estes programas tem para a divulgação de uma cultura de rua, repleta de códigos e símbolos, mas muitos também não aceitam que estes códigos devem ser respeitados em suas tradições, e no final, tudo acaba sendo jogado no mesmo "cesto" da cultura descartável e de consumo fácil.
       O Hip Hop é uma filosofia de vida onde seus adeptos usam a Dança, a Música, o Canto, a Arte e o Esporte como forma de mostrar uma comunidade, uma sociedade e todos os aspectos nestas  envolvidas, seja de forma positiva ou de forma negativa.   Para alguns chega até a ser comparada com uma religião, onde o princípio básico é o de fazer o bem e melhorar o mundo (ou pelo menos o meio onde convive).   No próprio meio, alguns se consideram adeptos do Hip Hop e nem sequer chegam ao ponto de fazer algo para mudar alguma situação, mostram em vídeos postura totalmente contrária ao que se propõe o Hip Hop, desrespeitando raças, sexos e mostrando-se muitas das vezes mais radicais e preconceituosos que aqueles que o criticam.   Respeitar as tradições mas dar oportunidade para aquisições de novas formas de cultura, até porque o Hip Hop é uma cultura da rua e das comunidades, para estas e com a participação destas, logo esta é mutável, sem no entanto deixar de existir.
    Em parte concordo quando dizem que a mídia é a grande culpada por programas de competições de dança onde seus produtores, diretores e até mesmo, jurados não tem conhecimento algum quanto aos estilos de Dança de Rua e tampouco da filosofia Hip Hop.  Com isso muito se fala em Hip Hop, mas pouco se conhece, até porque muitos querem saber de danças de rua   elaboradas e cada vez mais sofisticadas em seus programas, afinal é o que o público quer ver. Impressiona quem não conhece e garante público.
     Muitos dos meios de comunicação pecam pelo fato de não procurarem realmente quem conhece sobre o assunto, preferindo toda e qualquer informação com pessoas que conseguem se destacar em festivais e outros eventos que as projetem. 
     Não sou contra a mídia divulgar o Hip Hop, mas contra aquilo que se tem feito para se conseguir divulgação e público.  Arrisco até a dizer, que nos grandes festivais de dança e de Hip Hop ainda não vemos pessoas de qualidade e de conhecimento real no que vem a ser Hip Hop.
       O que as pessoas deveriam aprender,  é a usar a tecnologia e a mídia de forma mais eficiente que não seja simplesmente a de vender o produto e em seguida, torná-lo descartável.   Ou seja, pensar que a informação e a cultura deveriam serem consideradas como um alimento que não pode ser consumido apenas como forma a saciar uma fome, mas também para manter corpos e mentes  saudáveis.