sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Workshop... Comércio ou Aprendizagem?



     Antes de refletirmos sobre o tema proposto, ficam algumas perguntas aqui para que cada um se posicione melhor:
- Você escolhe um workshop em dança pelo estilo da dança?
- Você escolhe um workshop, pelo tema sugerido, indiferente do estilo de dança?
- Você escolhe um workshop porque quem o ministrará é excelente dançarino(a) e/ou é famoso(a)?
- Você escolhe um workshop porque a pessoa já fez cursos no exterior?
- Você escolhe um workshop porque a pessoa é experiente, mesmo que esta não seja famosa?
- Você escolhe um workshop para obter mais informações sobre o estilo, mesmo que a pessoa não seja famosa?
- Você escolhe um workshop para experimentar outras propostas diferentes das que está acostumado(a)?
- Você escolhe um workshop pela aparência física de quem o ministra?
     Com estas poucas perguntas, para aqueles que gostam de pensar e refletir, já pode-se perceber onde podemos encaixar o título do artigo e consequentemente assumir posturas quanto as intencionalidades.   Muitos dizem que só se obtém informações e conhecimentos quando a pessoa que ensina é famosa, tem livros e artigos publicados, quando esta viaja muito (principalmente para o exterior) ou até mesmo quando é famosa e tem grande visibilidade na mídia.
      Mas a primeira intenção do artigo não seria esta, mas sim a de repensarmos o quando realmente algumas pessoas estão se utilizando de sua fama, de suas habilidades para somente ganhar dinheiro e o quanto algumas pessoas tem vasto conhecimento e pode repassá-los aos demais, indiferentemente de ser famosa ou não.
      Quando vemos o anúncio de um workshop, fica a pergunta: "o que será abordado no workshop?", em geral esta resposta está na divulgação, e fica uma nova pergunta: "como será feito isto?", isto nunca está exposto em cartazes e anúncios, cabe a pessoa perguntar a quem já fez workshop com tal pessoa ou então arriscar e ir até lá e fazer.
     Algumas pessoas se propõem a montar workshops com uma única intenção: ganhar dinheiro, seja vendendo CD's, livros, camisas, e produtos em geral, muito comum em Congressos.  Outros simplesmente querem ganhar dinheiro mostrando suas qualidades como dançarino(a) através de pequenas coreografias onde as pessoas podem vivenciar o estilo que este(a) domina, neste caso é de grande valia para quem não possui nenhuma prática ou conhecimento do estilo proposto.  A este último caso existe um nome específico, mas pouco utilizado (não sei se por questões estratégicas para arrecadar mais dinheiro ou por falta de conhecimento): WORKOUT.
     Existem pessoas que, inclusive, montam workshops como pretextos à alcançarem objetivos maiores, como mostrar suas qualidades ou serem vistos para ingressarem em grupos renomados e profissionais.   Neste último caso é perceptível o quanto a pessoa insistirá em mostrar suas habilidades e o quanto esta comentará constantemente seu "currículo".
      Alguns provavelmente devem estar dizendo: "quem monta um workshop que ganhar dinheiro",  obviamente não estão errados, mas a principal questão aqui colocada é se há qualidade nestes workshops ou não, se existe alguma preocupação real com as informações que deveriam ter em workshops e o quanto nos preocupamos com aparências e títulos.   Afinal workshop deve ter informação para quem não conhece o estilo, acrescentar informações para os que já tem vivência e experimentar na prática o que se propõe.
     Fica aqui então um pensamento, se estamos investindo dinheiro para adquirirmos conhecimento, porque algumas pessoas insistem em fazer Workshops quando querem ter práticas que podem ser oferecidas em Workouts?   Vivência é importante demais para quem já pratica qualquer estilo de dança, mas confundir isto com qualidade em informações e rotular alguém como bom porque é famoso ou dança muito bem, me parece meio hipócrita.    Infelizmente algumas pessoas gastam muito dinheiro com passagens e cursos em diversas cidades no Brasil e no exterior e acabam somente vivenciando práticas corporais sem informações, o que frustra alguns, principalmente quem busca um  maior conhecimento e aperfeiçoamento naquilo que dizem gostar.
     Uma das características mais marcantes que percebi ao longo destes muitos anos que estou na dança, em quem procura um wokshop, ou outra qualquer forma de aquisição de conhecimentos, é que o público que procura estes cursos mais rápidos são pessoas que estão iniciando na dança ou então pessoas que querem ou vivenciar algo diferente do habitual.   Existem também aqueles que, estando na "estrada" a algum tempo e, procuram nos workshops alguma informação nova para acrescentar ao conhecimento já adquirido.  Mas é fato que existe uma certa tendência e enorme rotatividade na "indústria" dos workshops (tanto em quem faz como em quem ministra) e que está muito ligado à imagem e a fama, ou seja, quando ,mais famosa a pessoa que ministra o workshop, mais se torna rentável para quem divulgou ou investiu, até porque nota-se que grande maioria destas pessoas que fazem workshops são iniciantes ou não profissionais, que fazem em dado momento de sua vida por paixão à dança, mas o que se nota é que, fatalmente, muitos destes param de dançar para seguir outras carreiras ou então procuram cursos profissionalizantes onde podem obter uma gama maior de informações que as de workshop.  Neste último caso, os workshops se tornam apenas pequenos complementos e acréscimo de informações, nada mais, o que explica um não investimento deste público em cursos desta natureza (principalmente os de alto custos com pessoas famosas ou reconhecidas pelo público em geral), preferindo investir à um custo maior em aprofundamentos e especializações mais profundas e mas longas.
    Então, chegamos à uma óbvia conclusão que os workshops podem ter cunho informativo para quem sabe aproveitar cada um deles, indiferentemente de quem o ministrar, a estes eu costumo chamar de verdadeiros amantes da dança porque buscam informações e conhecimentos para serem utilizados ao longo de suas vidas, os demais farão por moda, por nome, por status, para ganharem projeção, conseguir trabalhos e para entrarem em grupos renomados, ou até mesmo para viajar a diversos lugares o que reforça a ideia de ser algo comercial e em alguns aspectos até mesmo, descartáveis.

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