Uma das piores características na Dança de Rua tem sido o deslocamento coreográfico, ou seja, a forma que o(s) dançarino(s) vão de um ponto para outro durante a apresentação. Na Dança de Rua onde predomina a coreografia (neste caso não estamos falando de improvisos de B-Boy), vê-se uma característica que "suja" a coreografia (a não ser que se tenha um motivo ou uma mensagem com tal deslocamento) que é a simples caminhada.
A caminhada simples para ir de um ponto para outro, parece um recurso de quem não consegue se deslocar fazendo movimentos e intercalando movimentos de pernas diferenciados para chegar à um determinado ponto. Me perdoe quem gosta deste recurso, mas parece falta de criatividade para atingir um ponto desejado. As caminhadas e as corridas curtas são duas das principais características da Dança Contemporânea (eu particularmente, não vejo muita necessidade do uso destes recursos, a não ser que venha acompanhada de um roteiro corporal e um contexto que se faça jus a este recurso).
Analisemos então as caminhadas durante as coreografias de Dança de Rua:
* Alguns utilizam como forma de reunir um grupo em determinado ponto do palco.
* É uma forma de entrar e sair do palco quando não é necessário em determinados pontos da coreografia.
* Maneira encontrada para formar imagens de forma rápida e sincronizar com determinado momento da música.
* Forma de ganhar impulso para um movimento de força e/ou explosão muscular.
* Integrado como forma ilustrativa dentro do contexto à que a coreografia se propõe a passar para o público (mensagem).
Com relação aos dois últimos pontos colocados, tem realmente uma lógica para que esta movimentação simples aconteça, mas nos três primeiros não há a necessidade de que se façam caminhadas. Pode-se reunir o grupo em determinado ponto do palco ampliando uma passada, um giro e combinações de movimentos de deslocamento que acrescentam muito mais e tornam a coreografia mais dinâmica e técnica. Quanto a entrada e saída de palco, sugiro que se for uma simples apresentação de um número coreográfico, que os componentes entrem e se posicionem antes da música começar, caso não seja possível, porque não entrar dançando, saltando, rolando e/ou girando? Para se formar imagens, fica mais técnico e com nível de dificuldade elevado, se os componentes tiverem disciplina e paciência de elaborar suas movimentações sem o uso da caminhada.
O problema de muitas coreografias de Dança de Rua é que os coreógrafos imaginam alguns movimentos em determinados momentos da música que impressionem, mas esquecem que a coreografia é um conjunto de movimentos intermitentes com intuito à uma plasticidade corporal que ilustra a música e/ou narra uma história. Não deve ser tratada como pedaços de coreografias ligadas por caminhadas e pequenas corridas.
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