Quando se fala em ética muitos acreditam
ser direcionado somente para os profissionais e pessoas que tem alguma
responsabilidade ao ensinar, ou perante algum público ou grupo de pessoas. Quem trabalha junto à estas pessoas também
devem corresponder a esta ética tão cobrada e disseminada.
Relembrando que a definição de ética é ser um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta
humana na sociedade sendo uma ciência que estuda os valores e princípios morais
de uma sociedade e seus grupos. Logo, a isto se aplica também aos alunos de
Dança e pessoas que se dedicam a mesma, de forma a se profissionalizarem (ou
não).
Costumo dizer que a ética se aplica ao
aluno (ou dançarino aprendiz) quando o mesmo respeita e considera quem lhe
passa todo aprendizado técnico, teórico e prático, considerando a experiência deste
especialista como um todo. Não somente
deve ser ético com seus mestres e inspirações (ou modelos de dançarinos), mas
com os demais colegas dançarinos, que assim como este, não sabiam muita coisa
até que alguém ordenasse suas habilidades ou despertassem suas técnicas
básicas.
Na dança é comum vermos dançarinos que
aprendem ou começam a aprender com algum professor e depois procuram outros
para aprimorarem-se em suas técnicas.
Até aí tudo muito natural, mas infelizmente muitos parecem esquecer, ou
até desprezar àqueles a quem os levou ao caminho do aperfeiçoamento para um
grau mais elevado. A este tipo de
atitude anti-ética costumo chamar de ingratidão.
Os alunos não tem obrigação de estar
sempre ao lado de quem os iniciou na dança (ou aperfeiçoou suas técnicas), mas
tem sim, a obrigação moral e ética de ser grato e ter caráter de dar alguma
satisfação quando almejar algo que esta pessoa não pode mais dar a estes, e não
precisarem fazer algo sem o conhecimento destes professores que tanto se
dedicaram ao aprimoramento básico ou específico dos mesmos.
É comum ainda o desrespeito de alunos
perante outros, na Dança de Rua, a falta de ética se torna mais evidente em
disputas, onde cada dançarino parece desconsiderar o princípio de paz e união
que o Hip Hop prega. Uma vez que uma
pessoa nunca será boa o tempo todo, e quando este alguém desrespeita o nível
técnico de outros, não coopera para que a Dança de Rua seja uma modalidade
respeitada de paz e união, como poderá
ser respeitado quando não tiver mais condições de superar outro dançarino?
Reparem que não há dançarino com postura anti-ética
que tenha uma imagem duradoura no meio do Hip Hop (assim como nas diversas
vertentes da dança), acaba antipatizado por muitos ao ponto de ser esquecido quando
surge um novo ícone com técnicas mais depuradas.
Quando o dançarino inicia uma jornada
rumo ao profissionalismo, este é levado a acreditar que deve ser sempre o
melhor que puder ser, por possuir qualidades especiais e que estas devem ser
melhoradas sempre que possível, mas infelizmente muitos levam este ensinamento
para o lado egoísta e mesquinho, ao ponto de passar "por cima" de qualquer
um que não possa mais acrescentar algo em seu crescimento, tornando antigos professores,
colegas e demais em figuras "descartáveis", ou que estes não são mais
necessários ou "obsoletos" para o nível que estes almejam ou se
encontram.
Percebemos que, muitas das vezes, este
dançarino não consegue atingir um nível de maturidade ética que o obrigue a
enxergar nuances deste meio, e por vezes acaba se tornando arrogante e esnobe
por achar que é melhor ou que sabe mais que muitos. Culpa de quem ensinou? Algumas vezes sim, mas
a maior parte é do próprio aluno que não consegue perceber o quanto a dança é
abrangente e infinita em seu aprendizado.
É comum um dançarino especializar-se em
uma modalidade de dança, estilo dentro de uma vertente ou outra qualquer
afinidade de dança, e ser considerado um excelente dançarino ou até mesmo
modelo e ídolo de muitos, mas ficam algumas perguntas e ao mesmo tempo uma reflexão:
* Será que este
dançarino é bom mesmo? Então porque este se considera tão bom, mas não dança
todos os tipos de dança tão bem quanto a que este se especializou?
* Porque tem de
apontar defeitos aos outros mas não aceita a opinião ou que lhe seja apontado
um erro?
* Porque não
quer aprender com outras pessoas, mesmo aquelas que não estão em alta na mídia
ou no gosto popular?
* Porque não
sabe respeitar os que dançam menos ou os menos habilidosos?
* Porque alguns
dançarinos não tem consideração e respeito pelas pessoas que lhes ensinaram
algo depois que se tornam "estrelas", líderes de grupos, grandes
coreógrafos e/ou diretores?