quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ética na Dança (Formação, ensino e direção)



      Na Dança de Rua, infelizmente nos dias atuais, é comum vermos pessoas com poucos anos de estudos, práticas e vivências se intitulando especialistas e ministrando cursos, workshops e workouts simplesmente por estarem em evidência ou por dançarem muito bem.   Não somente com relação à cursos que vemos pessoas que dançam muito bem influindo na formação de dançarinos, mas quando algumas pessoas que se reúnem para montarem grupos e companhias de dança.
      É uma prática comum na Dança de Rua, alguns bons dançarinos acharem-se especialistas quando participam de workshops com algum nome renomado que estes se identificam ou que estejam em alta na mídia.  Lembrando que wokshop é diferente de workout, e muitos realizam workshops (aula com informações técnicas e práticas sistematizadas) como se fossem workout (aula prática, geralmente realizando uma pequena sequência coreográfica sem quase nenhuma informação técnica).
     A situação mais lamentável é ver novos dançarinos procurando informações somente em vídeos e sites da internet, não procurando tirar dúvidas com as pessoas que escrevem tais artigos e desprezando pessoas que tenham muitos anos de experiência e mais conteúdo técnicos e teóricos, mas não possuem a mesma projeção por serem pesquisadores e não excelentes dançarinos e não estarem em projeção em eventos e festivais (que normalmente são competitivos e tendem a acompanhar uma tendência de moda). A desvalorização de pesquisadores e estudiosos na Dança de Rua é um desrespeito à estas pessoas que se preocupam em abordar mais profundamente a arte da Dança de Rua mais e transformá-la em uma dança mais especializada onde pode-se aproveitarem todas as suas técnicas e práticas.
     Quando vemos um novo grupo se formando, geralmente é porque algum dançarino se considera superior à alguma outra pessoa ou grupo em que se encontrava anteriormente, ou porque não concorda com a maneira ou à abordagem que o diretor, do grupo onde este se encontra, faz de alguma proposta ou até mesmo já se considera apto o suficiente para conduzir uma outra proposta segundo sua visão que (geralmente) não é partilhada pelos demais componentes do grupo ou direção do mesmo, ou na pior das hipóteses, se auto promover usando grandes nomes e grandes dançarinos.   Poucos tem a responsabilidade ética de montar um grupo com padrões pré-determinados, com filosofias de trabalho bem direcionadas ou até mesmo com intuitos filantrópicos e/ou de passar adiante suas práticas e experiências na Dança.   Em muitos casos vemos um grupo se formando através de pessoas que já dançam, mas possuem outras profissões (mas se julgam especialistas e questionam outros sem fundamentação) e simplesmente por se identificarem bastante com determinado estilo.
       O pior profissional, seja um instrutor, professor, diretor ou coreógrafo é aquele que julga-se muito bom porque é bom dançarino e por estar acompanhando as tendências da Dança de Rua, porque faz cursos com nomes renomados e que se destacam na mídia, por ter alguns títulos em grandes festivais, por ser jovem (vejo muitos jovens discriminando e não procurando pessoas mais experientes por considerarem "ultrapassados" ou desinformados, ou pior, por não serem "famosos".
      Muitos acreditam ser uma tarefa fácil ensinar, coreografar ou dirigir um grupo, mas quando se encontram frente a frente com algumas dificuldades técnicas, humanas e práticas, acabam por terminarem os trabalhos junto com as pessoas a que estas se propuseram a trabalhar.   O pior tipo de atitude que um diretor ou coreógrafo de um grupo pode ter é chamar alguém de outro grupo para fazer parte do seu grupo, mesmo que não atrapalhe ou entre em conflito com horários e que seja uma oportunidade melhor para este dançarino convidado, mas esta forma anti-ética de agir é mais comum do que se imagina, principalmente na Dança de Rua, e o mais pernicioso ainda é quando o dançarino ainda compactua com este tipo de atitude, realizando treinos "escondidos" sem ao menos dar uma satisfação para o grupo de origem.
      Ficam algumas questões para que as pessoas que estão a frente de grupos e/ou pretendem atuar nesta área de direção, coreografia ou ensino:
* Porque não procurar pessoas com mais qualificações para se informarem dos acertos e erros mais comuns quando na formação de um grupo, de uma coreografia, um espetáculo ou uma apresentação?
* Porque a prioridade é sempre o melhor dançarino e não aquele que se dedica progressivamente às suas melhorias técnicas?
* Porque o dançarinos menos apto ou com menos habilidade é sempre desvalorizado em coreografias?
* Quais os critérios para procurarem informações de melhorias de suas habilidades (coreográficas, didáticas ou diretivas)?  Seria o currículo, a propaganda, o meio que este conviveu, os cursos e apresentações no exterior desta pessoa?
* Porque não trabalhar para transformar um bom dançarino em um ótimo dançarino ao invés de "roubar" ótimos dançarinos de outros grupos?  Seria falta de qualificação pessoal para isto, falta de ética profissional (mesmo quando não se é profissional) ou falta de caráter?

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