sexta-feira, 31 de julho de 2009

Estilos (Funk)



Criado em meados da década de 1970 e foi um dos estilos que gerou a Disco Music ou Era da Discoteque. O Funk era o Rap mais melodioso e dançante sem o compromisso sócio-político, por isto agradou a muitos, que ainda estavam sentindo o erro da Guerra do Vietnã e não se ligavam no Rock Progressivo emergente e os movimentos negros radicais da época. A dança acabou sendo absorvida (ou alterada) e incorporada como Discoteque, com roupas elegantes e muito brilho, movimentos simples de pernas e braços e com muita semelhança ao balé moderno (ou Jazz), comumente dançado em duplas tal qual uma dança de salão. Tempos depois o termo foi absorvido pelos brasileiros para denominar o som produzido pelas equipes de som que importavam músicas da periferia Norte-americana (nos idos da década de 1980) e tocavam em bailes do subúrbio, principalmente do Rio de Janeiro, considerado o berço do Funk brasileiro que melhor seria denominado Batidão. A partir da década de 80, os bailes funks no Rio começaram a ser influenciados por um novo ritmo da Flórida, o Miami Bass, que trazia músicas mais erotizadas e batidas mais rápidas. Este estilo no Brasil acabou tendo outra característica: os movimentos eram feitos mais com os pés, quadris (que anos mais tarde o Axé copiaria) e em com espaço reduzido devido à grande quantidade de pessoas que frequentavam os bailes (eram comuns dançar em fileiras e todos fazendo "passinhos" de 8 tempos, que eram sequências simples feitas por grupos enfileirados lado a lado).
Com o aumento do número de raps/melôs gravadas em português, apesar de quase sempre utilizar a batida do Miami Bass, o funk carioca começa a década de 90 já começando a ter sua identidade própria. As letras refletem o dia-a-dia das comunidades, ou fazem exaltação a elas (muitos desses raps surgiram de concursos de rap promovidos dentro das comunidades). Em consequência, o ritmo fica cada vez mais popular e os bailes se multiplicam. Ao mesmo tempo o funk começou a ser alvo de ataques e preconceito. Não só por ter se popularizado entre as camadas mais carentes da sociedade, mas também porque vários destes bailes funk eram os chamados bailes de corredor, onde as galeras de diversas comunidades se dividiam em dois grupos, e com alguma frequência terminavam em brigas entre si (resultando em alguns casos em vítimas fatais) que, acabavam repercutindo negativamente para o movimento funk.
Com isso havia uma constante ameaça de proibição dos bailes, o que acabou por causar uma "conscientização" maior, através de raps que frequentemente pediam paz entre as galeras. Em meio a isso surgiu uma nova vertente do funk carioca, o funk melody, com músicas mais melódicas e com temas mais românticos, seguindo mais fielmente a linha musical do freestyle americano, alcançando sucesso nacional, destacando-se nesta primeira fase Latino, Copacabana Beat, MC Marcinho, entre outros. Cabe notar que os DJs, nesse período, costumavam tocar de costas para o público nos bailes.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Estilos (B-Boy ou B-Girl)



O estilo mais conhecido quando se fala em Dança de Rua, mas para quem conhece sabe que é apenas mais um deles. Inicialmente era a abreviatura de Break Boy, que eram os dançarinos de Break, executando não somente os movimentos de chão e acrobáticos mas os movimentos de Popping e Locking (nas décadas de 1960 e 1970). Hoje os B-Boys e B-Girls são aqueles que se especializaram em movimentos de chão e acrobáticos. ao ritmo de músicas mais aceleradas da vertente Hip Hop. Foram os primeiros a utilizarem a forma de desafio de dança entre as gangues, sendo o pioneiro desta idéia o DJ Afrika Bambaata, como forma de apaziguar as brigas entre gangues rivais e fazer valer a voz dos guetos.

Hoje existem duas vertentes deste estilo: a primeira, ligada a tradição, ou seja, entra em uma roda seguindo toda uma rotina de movimentos e dançando no ritmo. A segunda, que executa movimentos de alta complexidade sem haver preocupação com o ritmo (comumente chamado de Freestyle).

As Batalhas ou Rachas, possuem várias regras e tradições que variam de acordo com a localidade e com o número de participantes. A mais comum é aquela em que um(a) Dançarino(a) apresenta sua rotina em um curto espaço de tempo e depois desafia o oponente (ou galera) a superar seu movimento.

Os mais tradicionais seguem uma rotina de entrada em um racha:

1) Top Rock: Movimentos de entrada na roda ritmados com os pés funcionando como uma apresentação do estilo do(a) Dançarino(a). Embora não exista uma maneira de entrada na roda, em muitos lugares não se vê mais criatividade neste movimento, cabendo somente a repetição de movimentos que todos fazem, descaracterizando assim o que seria o cartão de visitas do(a) Dançarino(a).

2) Goin Down: Transição do top rock para o footwork, ou seja, a forma de ir ao chão e iniciar sua rotina propriamente dita (sempre acompanhando o ritmo da música).

3) Footwork: Após chegar ao chão, o(a) Dançarino(a) faz uma espécie de sapateado ritmado, com trocas de mãos, preparando-se para o início de sua rotina.

4) Routine: É a rotina que o B-Boy/B-Girl faz para mostrar sua habilidade. Os mais tradicionais qualificam com bons aqueles que fazem seus movimentos cadenciados com a música, já os "Freestylers" não se preocupam com o ritmo apenas com o nível de dificuldade dos movimentos.

5) Freeze: Ponto alto para um B-Boy/B-Girl de alto nível. Consiste ao final da rotina, "congelar" o seu movimento por no máximo 3 segundos e voltar a movimentar-se sem perder o ritmo ou o equilíbrio.

6) Up Rock: Antigamente os Up-Rockers eram as pessoas que faziam os rachas e executavam as rotinas de entrada em grupos como forma de provocação aos seus oponentes, por isto em alguns lugares ainda vemos o up rock como uma rotina de entrada nos desafios. Hoje, significa a forma de saída da rotina de um(a) Dançarino(a) e desafio ao oponente (subida do corpo e gesticulação provocativa ao oponente.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Estilos (Locking)



Muito pouco difundido e dançado hoje em dia, mas com grande influência em outros estilos. Criado no início da década de 1970, segundo alguns, por Don Campbell. Neste estilo utiliza-se muito os movimentos de braços como se estivesse apontando para algo ou alguém, as pernas possuem movimentos abertos e rápidos e com pequenos saltos de vez em quando, os movimentos são feitos utilizando muito o princípio de encaixe (Lock) de articulações, principalmente na articulação do quadril. A movimentação de pernas tem forte influência do estilo Funky. Não é comum se fazer movimentos de chão porque seus dançarinos, na época, eram os mais elegantes vestindo ternos, calça boca de sino, sapatos plataforma, cordões de prata e ouro, cabelo tipo Black-tie e chapéu, estilo de vestir que na mesma época fora copiada pela moda Discoteque.

domingo, 26 de julho de 2009

Estilos (Popping)



Estilo derivado do Robot, só que sem muitos movimentos rígidos e com muitas ondulações de articulações, com muita base teatral e cênica para causar a sensação de ilusão e efeito visual. A base rítmica neste estilo é muito importante uma vez que o corpo expressará de forma bem visível o que está sendo tocado. Os movimentos são feitos a partir dos segmentos articulares, dando uma impressão de quebra nos membros (no Brasil algumas dizem que fazem "quebrada" ao invés de Popping) ou deslocamento dos mesmos. Nesta categoria incluímos os "Slides", que são deslizes curtos com os pés, conhecido e muito divulgado por Michael Jackson a quem atribuem a criação do Moonwalk, que na verdade é o back slide, mas este também realizava variações dos slides com muita categoria e técnica. O slide é feito, na maioria das vezes, em pé mas existem slides de joelhos também - Knees slides). Não existem muitos movimentos de chão, a maior parte está nos braços e pernas. Existe um grande trabalho de coordenação motora fina e de conscientização corporal por parte do executante.
Alguns acreditam ter sido criado por Boogaloo Sam, mas como se sabe, toda e qualquer cultura de rua não tem criador mas nomes que se destacam por desenvolverem bem determinado estilo, é melhor crer que foi criado nos guetos na década de 1960 e eclodiu na década de 1970 com a conhecida "Era do Break". Por isto destacamos os mímicos de rua que utilizam desta técnica em suas apresentações, que são realizadas a partir de gestos, sem palavras, para expressar uma idéia de algo com o próprio corpo.
Normalmente é um estilo dançado muito pelas "Old Schools", ou seja, quem tem muitos anos de dança de rua e/ou já explorou muito o estilo B-Boy.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Estilos (Funky)

Durante a década de 1970 surge um estilo que utilizava somente movimentos de pernas, com muitos deslizes curtos de pés e quase nenhum movimento de braços, seus componentes vestiam-se com roupas elegantes, o cabelo seria a principal marca (estilo Black power). O maior expoente deste estilo chama-se James Brown, com seu estilo inconfundível de dançar e cantar divulgou o estilo Funky. Que alguns anos mais tarde teríamos no Brasil uma pessoa que dançava da mesma forma e ajudou a divulgar esta forma de dançar no Brasil: Toni Tornado.
O Funky (o estilo musical na verdade surgiu na década de 1960) pode ser melhor reconhecido por seu ritmo sincopado, pelos vocais de alguns de seus cantores e grupos (como Cameo, ou os Bar-Kays). E ainda pela forte e rítmica seção de metais, pela percussão marcante e ritmo dançante.Nos anos 70 o funk foi influência para músicos de jazz (como exemplos, as músicas de Miles Davis, Herbie Hancock, George Duke, Eddie Harris entre outros).
É preciso estar atento que este estilo se escreve Funky, diferente do estilo Funk da década de 1980 (da época Disco) e do estilo Funk Brasileiro (que melhor foi batizado como Batidão), todos estes estilos mesmo com formas de falar parecidas não são a mesma coisa, mesmo porque a maneira de dançar é diferente.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Estilos (Break)

Inicialmente era todo e qualquer estilo de dança vinda do gueto. Já na década de 1970 serviu para designar a cultura negra Norte americana (Canto e Dança). No início da década de 1980 este nome fora substituído por Hip Hop (que agora havia a inclusão do elemento visual - Grafite) e o Break não mais passou a ser um estilo e sim uma dança mais geral onde havia o Popping, Locking e B-Boy/B-Girl. Hoje em dia quando se diz que alguém dança Break é porque este dança nos 3 estilos tradicionais de dança de rua. No final da década de 1970 era comum as pessoas dizerem que Robot e Popping eram Break mas cada um estilo tem sua forma e sua maneira de dançar, embora em vários momentos uma se confunda com a outra em relação à alguns movimentos.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Estilos (Robot)


Foi o primeiro estilo definido na Dança de Rua, década de 1970. A principal característica era a de os dançarinos simularem gestos de robôs, caminhadas com o corpo rígido, onde cada gesto era produzido no ritmo forte da música. Nesta mesma época vemos os primeiros movimentos em "slide" - deslizes que dão impressão de um outro movimento ou de uma direção oposta à sugerida. Por ser um estilo muito restrito nos movimentos este acabou desaparecendo e sendo incorporado à outros estilos de Dança de Rua e até mesmo servindo como "cartão de visitas" para o leigo que não sabe do que se trata a Dança de Rua. Neste estilo não se vê gestos ondulantes, estes são feitos em cima de cada articulação e seus movimentos anatômicos, bem como não há trabalho de chão (são feitos em pé).

sexta-feira, 3 de julho de 2009

História da Dança de Rua - De 1990 aos dias de hoje

No início da década de 1990 surge no Brasil um novo estilo que misturou os movimentos do Lockin, os saltos da Ginástica Aeróbica, a movimentação de palco da dança contemporânea às músicas eletrônicas com riffs de músicas no estilo Hip Hop, surgindo a Dança de Rua Estilizada, que tem como marcas principais grupos com muitos componentes, roupas largas (geralmente macacões inteiros), com muita cor e/ou muito brilho, e em determinados momentos da música gritos dos componentes em uníssono. Na época foi muito divulgado em programas como da Xuxa e do Raul Gil surgindo inclusive torneios neste último. Não foi muito bem aceito dentro da corrente Hip Hop por utilizarem música Techno. Mas o mais importante a dizer é que foi o único estilo criado e desenvolvido no Brasil, mesmo desaparecendo algum tempo depois, ou melhor, foi fundindo-se aos demais tendo uma contribuição muito grande principalmente no que diz respeito á movimentação dos dançarinos no palco e na descoberta de novos movimentos coreográficos. Deste estilo foi criado na época, paralelamente, um estilo de ginástica aeróbica ao som de músicas Hip Hop, conhecido como Cárdio Funk, Street Beat e outros termos que as academias passaram a utilizar para vender o mesmo produto com “caras” diferentes. Um estilo que teve grande influência do Funk Brasileiro, ou Batidão, foi o Gangsta (importante ressaltar que este estilo de dança não tem nada a ver com o estilo musical Gangsta, somente a base, digamos vulgar, é que prevalece em ambos). O estilo Gangsta, criado por volta do ano de 2003, começou em alguns vídeos de artistas que utilizavam os gestos de apelo sexual e garotas em saias e shorts minúsculos para ilustrar suas músicas. Os movimentos deste estilo são basicamente os mesmos dos bailes funk do Brasil, com muita movimentação de quadril, agachamentos (principalmente com as pernas afastadas) e insinuações sexuais exacerbadas. Uma curiosidade : o estilo Axé, comum hoje na Bahia em carnavais (fora de época ou não) é uma adaptação do funk carioca ao estilo musical da Bahia. Uma das principais divulgadoras do estilo Gangsta, foi Beyoncé, que logo foi sendo imitada por muitas outras devido ao forte apelo sexual em seus vídeos. Mas por volta do ano de 2005, o Gangsta unido ao ritmo latino foi transformado em um novo estilo conhecido como Reaggaeton que passou a ser uma dança com os mesmos princípios de movimentos, mas agora com mais apelo sexual pois passou a ser dançado também em duplas e até mesmo em grupo. É importante frisar que os adeptos da Dança de Rua e as pessoas ligadas ao Hip Hop não consideram o Gangsta (enquanto dança) e o reaggaeton como parte do estilo.

História da Dança de Rua - 1960 a 1980




Paralelamente nas décadas de 1960 e 1970, desenvolviam-se outros dois grandes movimentos na dança de rua : o Funky – foi absorvido por outras culturas principalmente no Brasil de onde sofreu adaptações e tornou-se o Funk (Este termo fora alterado do original durante a fase Disco para caracterizar a alteração do movimento original adaptando para os grupos que faziam um Funky mais melódico – comum na fase Disco). Por outro lado surge o Soul (filho direto do Rhythm and Blues) de onde se extraiu o lado romântico da dança de rua. No Brasil gerou um estilo único denominado Charme ou Charm (por volta da década de 1980), que era conhecido como a dança de salão da dança de rua, pois era muito comum ser dançado por casais (mas também era dançado por grupos). Do funk no Brasil originou-se o “Batidão” (como era conhecido na década de 1980) com características e ritmos brasileiros, característicos da realidade das favelas e bailes funk. Tanto o funk quanto o charme são estilos criados no Brasil, o primeiro influenciou os estilos criados após o ano 2000 (Gangsta e Reggaetoon). O surgimento da House Music (precursora de estilos como Techno, Drum’n’bass e outros ritmos eletrônicos) na década de 1980 fez com que o jovem estivesse mais presente nas danceterias (novo nome dado para a antiga Discoteca, visto que o estilo agora predominante não era mais a Disco Music). Nesta época surgem nomes como Paula Abdul (uma das pioneiras de um novo estilo de Dança de Rua conhecida como Street Jazz) que unem os movimentos do então Balé Moderno aos movimentos fortes da Break Dance. Nesta mesma época surge talvez o nome mais importante para a disseminação do estilo Hip Hop de dançar : Michael Jackson, com seus clipes, onde utilizara quase que 90% de Dança de Rua. Vídeos como Beat It (que mostram gangues se enfrentando através da dança) e Thriller (onde os dançarinos vestidos como mortos-vivos dançam de forma enérgica e sincronizada) serviram para que as danceterias promovessem inúmeros concursos de dança, surgindo assim vários grupos de Dança de Rua. Infelizmente a grande maioria dos grupos nestes concursos e/ou em suas apresentações faziam cópias do que Michael Jackson estava apresentando (o Moonwalk, o primeiro movimento mais famoso feito por ele, nada mais era do que o Back slide) poucos grupos tiveram criatividade. Ainda na década de 1980 surge um grupo que daria também uma nova vitalidade a Dança de Rua, o New Kids on the Block, que tinham um visual característico da classe média americana e composta de jovens brancos e de boa aparência cantando e dançando músicas de gosto deste público, ou seja, nada político nem revolucionário, somente festas e namoros. O que causou uma verdadeira reação por parte da ala mais radical do Hip Hop, primeiramente por não considerarem música de periferia (ou break como era conhecido tudo o que se fazia na periferia e nos guetos) e em segundo lugar por acreditarem que o seu principal concorrente juvenil o New Edition era discriminado pela mídia por serem negros e se vestirem como as pessoas da periferia, mas é fato que tanto Michael Jackson quanto NKOTB tiveram um valor inestimável para divulgação da Dança de Rua inclusive gerando novas sub-divisões nesta. Nesta mesma época vemos muitos grupos que queriam se aproveitar deste filão de sucesso, os mais conhecidos foram os Menudos na América Latina, seguidos pelos grupos Dominó e Tremendo (no Brasil). Mas somente uma década depois que se vê um reconhecimento e uma nova definição para estes grupos de jovens que cantam e dançam : Boys Bands (os mais famosos foram os Backstreet Boys), que geraram as conhecidas Girls Band como as Spice Girls, TLC dentre outras. Nesta época aparece uma nova vertente na Dança de Rua : o Pop, que mistura gestos mais soltos e alongados com a rigidez de movimentos do Hip Hop, além de uma nova organização coreográfica (movimentos iguais com uma movimentação de palco uniforme, conhecido hoje como movimentação em bloco, além de ter uma quantidade maior de movimentos em um mesmo tempo musical, ou seja, enquanto os demais dançarinos faziam um movimento em um determinado tempo, na Dança de Rua fazia-se muito mais movimentos neste mesmo espaço de tempo).

História da Dança de Rua - A dança começa a ganhar forma




Devido a vários fatores, principalmente pela mídia tratar de forma informal, foi criado um termo para denominar a dança dos guetos e de todos àqueles que simpatizavam com o ritmo da música destas comunidades, que foi a Street Dance ou Dança de Rua. Este termo surgiu pela necessidade da mídia divulgar o novo estilo emergente entre os jovens desta época e da tentativa de muitos profissionais de danças formalizadas, de depreciar a dança criada pela periferia dos EUA, julgando ser uma dança sem técnica e aprendida nas ruas através de observação, sem nenhuma técnica. No início da década de 1970, surgem em várias partes da cidade, onde há um grande número de imigrantes jamaicanos, uma forma similar e adaptada das festas “Toasters”, comuns na Jamaica (por isto muitos a consideram como o berço da Street Dance ou Dança de Rua). As festas consistiam em um aparelho de som colocado na rua e as pessoas ali dançavam livremente, predominando as gangues de Break, onde os “Breakers” (como eram conhecidos na época os dançarinos de Dança de Rua) realizavam suas performances. Nesta mesma época um movimento de origem branca, mas com raízes negras, surge e a Dança de Rua fica um pouco no esquecimento. A Disco ou Discotheque (que na verdade era o termo para designar o local onde se dançava este estilo musical que acabou sendo adotado como forma de divulgação do novo estilo) era um estilo adaptado pelas grandes gravadoras das músicas que predominavam nos guetos e da moda que estava sendo copiada de lá (homens com blazers, calça boca-de-sino, cordões de prata, sapatos plataforma e cabelos estilo “black power” – comuns no estilo “Locking” que foi o precursor da Disco Dance). Embora tenha sido um estilo criado para a minoria branca na tentativa de “ofuscar” o movimento Hippie que ainda mostrava grande influência nos jovens, muitos músicos de sucesso eram de origem negra. Em parte, o movimento Disco serviu aos propósitos de desvirtuar a atenção para a fracassada investida ao Vietnã (uma das principais bandeiras dos movimentos Hippie e Hip Hop), colocando os jovens em um novo patamar da moda e de uma nova visão da sociedade americana.

História da Dança de Rua - Ganhando voz




A grande influência do Rock and Roll para a Dança de Rua foi o fato de os brancos a partir de então considerarem os movimentos dos quadris característicos das danças negras como algo mais natural e menos discriminatório (não eram mais tão lascivos quando os jovens brancos dançavam desta forma, mas ainda o eram no que dizia respeito aos negros). A década de 1960 é o primeiro marco para a Dança de Rua, surge o Break, que foi a primeira manifestação cultural conhecida e aparentemente respeitada por outras classes sociais. O Funky passara a ter uma nova visão, mesmo porque surge nesta mesma década o movimento Hippie (de origem branca cujo termo derivou da palavra em inglês hipster, que designava as pessoas nos EUA que se envolviam com a cultura negra) que adotavam um modo de vida comunitário ou estilo de vida nômade, negavam o nacionalismo e a Guerra do Vietnã, abraçavam aspectos de religiões como o budismo, hinduismo, e/ou as religiões das culturas nativas norte-americanas e estavam em desacordo com valores tradicionais da classe média, ou alta, americana as quais, grande maioria de seus adeptos fazia parte. O Break já passara a representar uma forma de manifestação semelhante a do movimento Hippie, sendo a grande diferença baseada na realidade e não em ideologia como no movimento Hippie. Nesta época a mídia descobriu uma nova forma de arte que agradava os jovens, principalmente os rebeldes e violentos. Inicialmente o Break era sinônimo de cultura negra e de classe pobre, onde estes dançavam na rua como forma de diversão, pixavam em paredes para demarcar territórios de gangues e cantavam uma realidade até então desconsiderada pela famosa “American way of life”. Em muitos filmes havia a inclusão de cenas mostrando dançarinos de rua em suas performances que mais tarde dariam início as várias subdivisões da dança de rua, até então os estilos mais dançados eram o Robot (que foi o primeiro estilo divulgado, mas o primeiro estilo de Dança de Rua foi o Funky com muita movimentação de pés e quadris). Deste estilo gerou-se o estilo Popping, Locking e B-Boy, que nesta época não havia diferenciação. Durante meados da década de 1960, Afrika Bambaata percebe que mesmo com a mídia mostrando a dança dos jovens do gueto e sua música, não se é feito nada para diminuir a violência entre as gangues, muito pelo contrário, esta só mostra a violência com que é tratada a juventude destes lugares. Surge então nos bailes que promove a idéia destas gangues disputarem entre si, sem o uso da violência apenas utilizando da música e da dança para se rivalizarem. Surge aí então os primeiros rachas ou desafios (que hoje em dia são mais característicos nos estilos B-Boy/B-Girl, Popping e Locking), e também a base que permeiaria os ideais do atual Hip Hop, ou seja utilizar da cultura para falar de classes menos favorecidas e mostrar uma realidade que os governantes e a mídia insiste em ocultar.

História da Dança de Rua - Nasce o Hip Hop



O que hoje é denominado Hip Hop, era feito e demonstrado apenas entre comunidades como forma de demarcação de territórios e valorização de uma cultura específica, ou seja, os indivíduos de cor negra reivindicavam igualdade, bem como as comunidades estrangeiras (principalmente as porto-riquenhas). Mas o que havia ainda, não era o conceito de união mas de demarcação de territórios como forma de preservação desta cultura até então massacrada pelos períodos de crise. Mais tarde a opressão sobre as classes mais baixas acaba por resultar em uma nova cultura onde os menos favorecidos reivindicam seus direitos através das artes plásticas, do canto e da dança. Por algum tempo não se tem registrado nada com relação ao crescimento cultural das classes mais discriminadas nos EUA, os únicos relatos com relação, principalmente à cultura afro-americana, são das reuniões religiosas conhecidas a partir deste momento como Gospel Songs, e não mais Spiritual como antes, pois agora as canções tinham cunho mais religiosos e de louvor à Deus, com o acréscimo de ritmos mais intensos e muitas das vezes alegres e festivos. Deste estilo parcialmente respeitado pela cultura branca surgiram dois novos estilos que gerariam vários outros : O Rhythm and Blues e o Funky, ambos na década de 1950, sendo este último o mais polêmico, pois mostrou a dança e as demais faces de uma cultura até então muito discriminada e esquecida. Com movimentos sensuais e muita movimentação de pés, o Funky através de nomes como James Brown, marcou uma época e impôs à cultura norte-americana uma nova marca até então considerada sub-cultura. A partir deste momento os EUA acordam e passam a observar o quanto os guetos desenvolveram-se em uma cultura não tradicional, pois enquanto nos grandes salões dançavam ao ritmo do Charleston (1930) e outros estilos predominantemente brancos ou para brancos, o subúrbio aprimorava uma identidade própria. A partir deste ponto é conveniente estudarmos cada estilo isoladamente, pois a cada conquista um novo estilo passa a ser criado com novas características e novas técnicas. Na mesma década de 1950 surge um novo estilo musical que mudaria a história do mundo pois mesmo sendo um estilo derivado da cultura negra, principalmente do blues, só teve aceitação quando um artista branco de nome Elvis Presley passou a divulga-la e torna-la acessível para os brancos. Como ele mesmo disse na época : “Os negros tocam este tipo de música há mais tempo do que eu posso contar. Mas ninguém ligou para esta música até eu começar a toca-la”. O rock and Roll inicialmente fora muito discriminado por seu forte apelo sexual (para uma época conservadora ao extremo mexer os quadris em público era sinal de perversão), por ser tocado por músicos negros e com expressões musicais de características afro-americanas, além do primeiro significado para este termo ter realmente conotação sexual. Um dos primeiros nomes deste estilo foi Chuck Berry que criou os primeiros riffs do Rock’n’roll.

História da Dança de Rua - A queda da Bolsa em 1929




A década de 1920 foi um dos grandes momentos para muitos artistas, a indústria fonográfica e a cinematográfica pareciam estar bem e a nação estava em pleno desenvolvimento, até que em 1929 um fato abala toda a nação norte-americana : “A queda da bolsa de valores de Nova York”, que geraria desemprego em massa da classe artística e em muitas outras atividades, consideradas em épocas de crise como supérfluas. A crise econômica desencadeada a partir de 1929, quando da quebra da bolsa de valores de Nova York, reflete a crise mais geral do capitalismo liberal e da democracia liberal. Logo, as profissões consideradas supérfluas como instrumentistas, cantores, dançarinos, dentre outros ficaram desempregados visto que grande parte da população não tinha dinheiro para gastos além do necessário. Então o que era ruim ficou pior, ou seja, as classes normalmente massacradas pelo preconceito social, e principalmente racial, foram obrigadas a estabelecerem-se em novas comunidades conhecidas como guetos, onde a miséria, a fome e a violência urbana eram as características mais comuns no dia-a-dia destes indivíduos. Com o acúmulo de pessoas de diferentes culturas, diferentes raças, onde predominava a raça negra ainda muito discriminada nesta época, surge uma nova forma de cultura advinda de uma nova forma de encarar a vida, onde a lei do mais forte vale mais que a lei do Estado, e este último que deveria fornecer um melhor meio de vida à seus contribuintes acaba por deixar de lado e concentrando-se no restabelecimento de uma economia voltada para a elite vigente.