Na Dança de Rua, infelizmente nos dias
atuais, é comum vermos pessoas com poucos anos de estudos, práticas e vivências
se intitulando especialistas e ministrando cursos, workshops e workouts
simplesmente por estarem em evidência ou por dançarem muito bem. Não somente com relação à cursos que vemos
pessoas que dançam muito bem influindo na formação de dançarinos, mas quando
algumas pessoas que se reúnem para montarem grupos e companhias de dança.
É
uma prática comum na Dança de Rua, alguns bons dançarinos acharem-se especialistas
quando participam de workshops com algum nome renomado que estes se identificam
ou que estejam em alta na mídia.
Lembrando que wokshop é diferente de workout, e muitos realizam
workshops (aula com informações técnicas e práticas sistematizadas) como se
fossem workout (aula prática, geralmente realizando uma pequena sequência
coreográfica sem quase nenhuma informação técnica).
A situação mais lamentável é ver novos
dançarinos procurando informações somente em vídeos e sites da internet, não
procurando tirar dúvidas com as pessoas que escrevem tais artigos e desprezando
pessoas que tenham muitos anos de experiência e mais conteúdo técnicos e
teóricos, mas não possuem a mesma projeção por serem pesquisadores e não
excelentes dançarinos e não estarem em projeção em eventos e festivais (que
normalmente são competitivos e tendem a acompanhar uma tendência de moda). A
desvalorização de pesquisadores e estudiosos na Dança de Rua é um desrespeito à
estas pessoas que se preocupam em abordar mais profundamente a arte da Dança de
Rua mais e transformá-la em uma dança mais especializada onde pode-se aproveitarem
todas as suas técnicas e práticas.
Quando vemos um novo grupo se formando,
geralmente é porque algum dançarino se considera superior à alguma outra pessoa
ou grupo em que se encontrava anteriormente, ou porque não concorda com a
maneira ou à abordagem que o diretor, do grupo onde este se encontra, faz de
alguma proposta ou até mesmo já se considera apto o suficiente para conduzir
uma outra proposta segundo sua visão que (geralmente) não é partilhada pelos
demais componentes do grupo ou direção do mesmo, ou na pior das hipóteses, se
auto promover usando grandes nomes e grandes dançarinos. Poucos tem a responsabilidade ética de
montar um grupo com padrões pré-determinados, com filosofias de trabalho bem
direcionadas ou até mesmo com intuitos filantrópicos e/ou de passar adiante
suas práticas e experiências na Dança.
Em muitos casos vemos um grupo se formando através de pessoas que já
dançam, mas possuem outras profissões (mas se julgam especialistas e questionam
outros sem fundamentação) e simplesmente por se identificarem bastante com
determinado estilo.
O pior profissional, seja um instrutor,
professor, diretor ou coreógrafo é aquele que julga-se muito bom porque é bom
dançarino e por estar acompanhando as tendências da Dança de Rua, porque faz
cursos com nomes renomados e que se destacam na mídia, por ter alguns títulos
em grandes festivais, por ser jovem (vejo muitos jovens discriminando e não
procurando pessoas mais experientes por considerarem "ultrapassados"
ou desinformados, ou pior, por não serem "famosos".
Muitos acreditam ser uma tarefa fácil
ensinar, coreografar ou dirigir um grupo, mas quando se encontram frente a
frente com algumas dificuldades técnicas, humanas e práticas, acabam por
terminarem os trabalhos junto com as pessoas a que estas se propuseram a
trabalhar. O pior tipo de atitude que
um diretor ou coreógrafo de um grupo pode ter é chamar alguém de outro grupo
para fazer parte do seu grupo, mesmo que não atrapalhe ou entre em conflito com
horários e que seja uma oportunidade melhor para este dançarino convidado, mas
esta forma anti-ética de agir é mais comum do que se imagina, principalmente na
Dança de Rua, e o mais pernicioso ainda é quando o dançarino ainda compactua
com este tipo de atitude, realizando treinos "escondidos" sem ao
menos dar uma satisfação para o grupo de origem.
Ficam algumas questões para que as
pessoas que estão a frente de grupos e/ou pretendem atuar nesta área de
direção, coreografia ou ensino:
* Porque não
procurar pessoas com mais qualificações para se informarem dos acertos e erros
mais comuns quando na formação de um grupo, de uma coreografia, um espetáculo
ou uma apresentação?
* Porque a
prioridade é sempre o melhor dançarino e não aquele que se dedica
progressivamente às suas melhorias técnicas?
* Porque o
dançarinos menos apto ou com menos habilidade é sempre desvalorizado em
coreografias?
* Quais os
critérios para procurarem informações de melhorias de suas habilidades
(coreográficas, didáticas ou diretivas)?
Seria o currículo, a propaganda, o meio que este conviveu, os cursos e
apresentações no exterior desta pessoa?
* Porque não
trabalhar para transformar um bom dançarino em um ótimo dançarino ao invés de
"roubar" ótimos dançarinos de outros grupos? Seria falta de qualificação pessoal para isto,
falta de ética profissional (mesmo quando não se é profissional) ou falta de
caráter?