Um dos maiores defeitos de muitos adeptos da filosofia Hip Hop tem sido o orgulho, mas não o orgulho de uma ação bem feita, mas a de quem não sabe tudo e percebe que não é tão perfeito(a) quanto se imagina ser. Em muitos dos casos vemos até um posicionamento radical quanto à sua postura perante a filosofia Hip Hop em não aceitar outra coisa em seu mundo que não o que este conheça e domine.
Vejamos por exemplo a base do movimento Hip Hop, que deveria ser a de lutar para diminuir as desigualdades raciais e sociais, mas muitos se colocam contra vários aspectos que dizem lutar.
Quantas pessoas você ouve falar que são discriminadas e se tornam discriminadoras frente às opiniões contrárias as suas? Quantos negros se dizem discriminados pela cor de sua pele, mas não se tornam melhores discrimando pessoas de outra cor?
Na Dança de Rua também acontece isto. O que deveria ser a manifestação cultural e popular de uma comunidade, região ou outra localidade, através do Hip Hop, muitas das vezes se torna motivo de desavenças e críticas negativas por não possuírem o mesmo estilo e por não serem do mesmo grupo.
Percebo que muitos B-Boys e B-Girls se discriminam mutuamente, acreditando por muitas das vezes que um dos sexos é superior neste estilo. Outra questão ainda com os praticantes do estilo B-Boy é a discriminação e a não aceitação de outros estilos de Dança de Rua, classificando com única manifestação do movimento Hip Hop o estilo que estes dominam. Já ouvi muitos criticarem dizendo que não aceitam porque outros estilos usam coreografia. Mas quando um B-Boy executa uma sequência de "Break" ou "B-Boy", ele acha que isto não é coreografia? Será que esta pessoa estuda mesmo ao ponto de conseguir entender o que significa coreografia?
Quantos dançarinos de Dança de Rua realmente estão dispostos a incorporar outros elementos à sua rotina? Creio que este seria um diferencial às propostas que pretendem apresentar, afinal quem não gosta de ouvir as pessoas elogiarem um trabalho bem feito?
Porque alguns "mestres" na arte da Dança de Rua (subentenda-se em determinado estilo), não tem humildade de ir de encontro à outras propostas para incrementarem suas rotinas coreográficas? Tem medo de que seus "discípulos os notem como falhos ou não conseguem entender a importância de estudar uma gama maior de movimentos e propostas?
E a questão parece não parar por aí, alguns estilos de Dança de Rua parecem estar sendo criados a cada dia, rotulando os mesmos e tendo a parcela de praticantes cada vez mais fragmentada. Digo fragmentada porque muitos se tornam excelentes praticantes de um estilo que não conseguem aceitar que não são excelentes dançarinos, só dominam aquele determinado estilo por praticarem excessivamente... Orgulho! Mas também não se disponibilizam a aprender outros estilos, porque assim acreditam que serão menosprezados por não saberem dançar tão bem quanto eles acreditam dançar e acabam menosprezando e discriminando outros estilos de Dança de Rua... Radicalismo!
Precisamos parar de disseminar uma proposta contrária à filosofia Hip Hop (que deveria ser de união, paz e fraternidade), ou então, seria melhor estas pessoas criarem um outro termo para definir esta dança que eles apresentam... e deixar o verdadeiro Hip Hop para quem sabe fazê-lo e pode utilizá-lo no dia a dia, afinal a Dança, o Canto, a Música, a Arte e o Esporte fazem parte das formas de mudar o mundo de forma saudável e inteligente. E isto sim é ter atitude Hip Hop, sem preconceitos e sem radicalismos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário