quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Livro: Hip Hop e a Filosofia

     Coordenado por William Irwin e com a coletânra de textos organizada por Derrick Darby e Tommie Shelby, o ivro não procura simplesmente situar fundamentos filosóficos na cultura Hip Hop, como se ela precisasse disso. Ao contrário, discute letras, atitudes exitenciais, comportamentos, modalidades de ativismo e resistência política. O livro discute a violência da polícia contra os negros, comportamentos sexuais, papel da mulher etc. Lamentável que não haja, por parte dos editores brasileiros, qualquer referência ao movimento Hip Hop no Brasil. 
     O Hip Hop é um gênero musical incompreendido por muitas pessoas. Recentemente, tem sido associado ao estilo ostensivo dos cantores de rap, que exibem seus carrões e correntes de ouro, ou ainda, a músicas depreciativas, principalmente em relação às mulheres. No entanto, poucos sabem que o Hip Hop tem suas raízes fixadas em uma forte ideologia de emancipação dos negros e na redução da desigualdade social decorrente do preconceito racial. Essa disparidade fez com que os autores Derrick Darby e Tommie Shelby examinassem mais detalhadamente esse gênero musical e, baseados em seus conhecimentos filosóficos, produzissem este livro, com o intuito de mostrar que, mesmo com a popularização do Hip Hop, ainda é possível extrair muito de sua essência africana e de seu conteúdo contestador. 
     Por isso, este livro não é interessante apenas para aqueles que apreciam o Hip Hop, pois ele também ampliará seu conhecimento com relação a uma comunidade específica, e, por meio das analogias com filósofos como Nietzsche, Platão, Hobbes, Mill, entre outros, você irá se deparar com posições às vezes antagônicas, porém consistentes, sobre o comportamento do ser humano independentemente da sua raça.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Livro: Hip Hop - A cultura marginal

     "Paz, amor, união e diversão”, essa é a proposta do livro Hip Hop – A Cultura Marginal, escrito por Anita Motta e Jéssica Balbino, que é, o tempo todo, fiel a história do hip hop no Brasil e no mundo.
       Com uma linguagem jornalística das grandes reportagens, clara, doce, dinâmica, eficiente, coloquial e informativa, marcada por histórias singulares com uma riqueza de dados surpreendente.
      Definitivamente é um livro que traz o retrato de uma cultura urbana, emergente das classes populares das metrópoles.
     Uma verdadeira aula de hip hop, que já começa no título, nos fazendo questionar, que cultura é essa? Que marginal é esse?
É um livro gostoso de ler, com conteúdos específicos, poesias, histórias e curiosidades únicas. Um material que é com certeza um registro histórico-cultural, daquele que é o maior movimento social dos últimos 30 anos. Esta obra, contribui, inegavelmente para dar mais visibilidade a uma cultura que carrega em sua face, o olhar do preconceito, da ignorância, da desigualdade e da exclusão a partir daqueles que desconhecem, rotulam ou ignoram.
    Afirmo que é louvável a produção das jornalistas que se lançaram a campo para registrar a voz de um movimento, ritmo e cultura, certificando que mesmo numa forma de deficiência a universidade ainda forma seres pensantes, que estão à frente na análise das manifestações culturais e fenômenos sociais, muito antes do que qualquer meio de comunicação.
     Elas dizem assim, no capítulo inicial: “Vem ardendo, sangrando e machucando. É o berro que emana dos morros, guetos e favelas. Vem dos locais mais pobres, o grito desesperado de quem vem da periferia. Chega ao asfalto carregado de protesto, indignação, carência, vontade, luta e marginalidade”.

Livro: O hip Hop está morto!

   Primeiro romance de Toni C. envolve grande trabalho de pesquisa sobre a cultura hip-hop e contextualiza partes importantes da história junto a ficção.
    O nome, por si, já desperta o interesse e a brincadeira de cores – verde e amarelo – prometem um romance ao melhor estilo tupiniquim.
     Agitador cultural, autor e organizador de outras obras, Toni C., ousa ao se apropriar do movimento/cultura hip-hop como personagem principal de um romance, não ao estilo de Luiz Puntel em “O grito do hip-hop” e em longe do gringo “O hip-hop e a filosofia”, o escritor brasileiro traz para as 150 páginas do livro muita filosofia e antropologia, numa análise pessoal e personificada por um hip-hop que neste caso – e somente nesta sacada excepcional do autor – ganha corpo e sentimentos.
     A linguagem coloquial e as fotos de personalidades da cultura no Brasil e também fora dele dão estilo ao produto e mais charme à narrativa, feita em terceira pessoa e passeando por personagens fictícios e reais, ou seriam reais e fictícios?
     A resposta fica por conta de quem lê, se é que isso é possível. Um incômodo acompanha o leitor da primeira a última página do romance.
    Sugestivo, provocante e esclarecedor. O livro também pode ser descrito desta maneira. Com elementos saudosistas, Toni C., mescla passado e futuro numa consciência coletiva e não poupa quem lê.

Retirado do blog de Jéssica Balbino (autora do Livro: Hip Hop, a cultura marginal)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Livro: Hip Hop, A periferia grita

      O livro escrito pelas jornalistas Janaína Rocha, Mirella Domenich e Patrícia Casseano traz curiosidades, como a origem do break, aquela dança robótica que compõe o hip hop, ao lado do rap e do grafite. Os primeiros breakers surgiram nas ruas do Bronx nova-iorquino no fim da década de 60 e protestavam contra a Guerra do Vietnã por meio de passos de dança que simulavam os movimentos dos feridos. “Cada movimento do break possui como base o reflexo do corpo debilitado dos soldados norte-americanos ou demonstra a lembrança de um objeto utilizado no confronto com os vietnamitas, como o próprio giro de cabeça”, diz a educadora Elaine Andrade, referindo-se àquele movimento em que o dançarino fica com a cabeça no chão, mantém as pernas para cima e gira o corpo, como uma hélice de helicóptero.
     O livro dá conta ainda das contradições do hip hop, como a relação ambígua que mantém com o mercado. Ao mesmo tempo em que criticam a mídia e tentam conservar uma postura independente, os artistas reconhecem a importância dos meios de comunicação para a popularização do movimento. “Se num primeiro momento o rap disse não, hoje mídia e indústria precisam do rap — e o rap precisa delas”, escrevem as autoras. “Apropriado pela indústria cultural, o rap também se apropria dela para garantir espaço para as denúncias”, reforça a socióloga Maria Eduarda Araújo Guimarães.
     Mas o livro tem lacunas. A mais grave delas talvez seja a ausência da cena hip hop carioca, em franca expansão. MV Bill, claro, está lá, mas não há referências às meninas do Anfetaminas e do NegaAtivas, nem às rappers Nega Gizza e Ed Whiller. Não há uma linha sobre Ryo Radical Raps, Filhos do Gueto, Veredito do Gueto, Mahal (filho de Luiz Melodia), Buiú da 12, Esquadrão Zona Norte, Ciência Rimática, Shawlin, O Bando, Inumanos, Marechal e Black Alien. Também ficou de fora uma das figuras mais representativas do hip hop carioca, a produtora Elza Cohen, responsável pela principal festa do Rio, a Zoeira, que desde ontem tem endereço novo: a casa L.A.P.A. O mercado editorial ainda está devendo uma obra sobre o assunto. 

(Trechos da resenha publicada no jornal O Globo de 02/12/2001 pelo Jornalista Mauro Ventura)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Livro: Hip Hop - Da rua para a escola

     Este livro escrito por Jusamara Souza, Vânia Malagutti Fialho e Juciane Araldi fala do Hip Hop das ruas de Porto Alegre. 
      O material foi organizado a partir de duas pesquisas: A primeira, realizada em 2003 por Vânia Fialho, onde esta analisa o programa de televisão "Hip Hop Sul". Onde uma das questões abordadas foi a relação entre o programa e os grupos de rap que dele participam, procurando compreender a função da televisão na cultura musical hip hop.
      A obra surgiu com a necessidade de divulgar trabalhos de pesquisas e reflexões acadêmicas para estreitar o contato entre a universidade, escolas e comunidade. Além de socializar trabalhos científicos, fazendo com que as pesquisas ultrapassem os muros da universidade, procurou-se dar um caráter didático à publicação, para torná-la acessível ao Ensino Fundamental e Médio.
     O livro contou com a disposição dos rappers e DJs, em compartilhar sua cultura. Oferece ao leitor uma visão do Hip Hop gaúcho de uma forma superficial mas ao mesmo tempo importante  para o reconhecimento desta cultura não somente no eixo Rio - São Paulo, mas em diversas comunidades. 
       Ainda, possui um brinde: um CD com músicas de bandas de Hip Hop do Rio Grande do Sul.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Orgulho ou Radicalismo no Hip Hop ?

     Um dos maiores defeitos de muitos adeptos da filosofia Hip Hop tem sido o orgulho, mas não o orgulho de uma ação bem feita, mas a de quem não sabe tudo e percebe que não é tão perfeito(a) quanto se imagina ser.   Em muitos dos casos vemos até um posicionamento radical quanto à sua postura perante a filosofia Hip Hop em não aceitar outra coisa em seu mundo que não o que este conheça e domine.
     Vejamos por exemplo a base do movimento Hip Hop, que deveria ser a de lutar para diminuir as desigualdades raciais e sociais,  mas muitos se colocam contra vários aspectos que dizem lutar.   
      Quantas pessoas você ouve falar que são discriminadas e se tornam discriminadoras frente às opiniões contrárias as suas?  Quantos negros se dizem discriminados pela cor de sua pele, mas não se tornam melhores discrimando pessoas de outra cor?  
     Na Dança de Rua também acontece isto.   O que deveria ser a manifestação cultural e popular de uma comunidade, região ou outra localidade, através do Hip Hop, muitas das vezes se torna motivo de desavenças e críticas negativas por não possuírem o mesmo estilo e por não serem do mesmo grupo.
   Percebo que muitos B-Boys e B-Girls se discriminam mutuamente, acreditando por muitas das vezes que um dos sexos é superior neste estilo.  Outra questão ainda com os praticantes do estilo B-Boy é a discriminação e a não aceitação de outros estilos de Dança de Rua, classificando com única manifestação do movimento Hip Hop o estilo que estes dominam.   Já ouvi muitos criticarem dizendo que não aceitam porque outros estilos usam coreografia.  Mas quando um B-Boy executa uma sequência de "Break" ou "B-Boy", ele acha que isto não é coreografia?   Será que esta pessoa estuda mesmo ao ponto de conseguir entender o que significa coreografia?
      Quantos dançarinos de Dança de Rua realmente estão dispostos a incorporar outros elementos à sua rotina?  Creio que este seria um diferencial às propostas que pretendem apresentar, afinal quem não gosta de ouvir as pessoas elogiarem um trabalho bem feito?
      Porque alguns "mestres" na arte da Dança de Rua (subentenda-se em determinado estilo), não tem humildade de ir de encontro à outras propostas para incrementarem suas rotinas coreográficas?   Tem medo de que seus "discípulos os notem como falhos ou não conseguem entender a importância de estudar uma gama maior de movimentos e propostas?
      E a questão parece não parar por aí, alguns estilos de Dança de Rua parecem estar sendo criados a cada dia, rotulando  os mesmos e tendo a parcela de praticantes cada vez mais fragmentada.   Digo fragmentada porque muitos se tornam excelentes praticantes de um estilo que não conseguem aceitar que não são excelentes dançarinos, só dominam aquele determinado estilo por praticarem excessivamente... Orgulho!   Mas também não se disponibilizam a aprender outros estilos, porque assim acreditam que serão menosprezados por não saberem dançar tão bem quanto eles acreditam dançar e acabam menosprezando e discriminando outros estilos de Dança de Rua... Radicalismo!
     Precisamos parar de disseminar uma proposta contrária à filosofia Hip Hop (que deveria ser de união, paz e fraternidade), ou então, seria melhor estas pessoas criarem um outro termo para definir esta dança que eles apresentam... e deixar o verdadeiro Hip Hop para quem sabe fazê-lo e pode utilizá-lo no dia a dia, afinal a Dança, o Canto, a Música, a Arte e o Esporte fazem parte das formas de mudar o mundo de forma saudável e inteligente.  E isto sim é ter atitude Hip Hop, sem preconceitos e sem radicalismos.

domingo, 18 de novembro de 2012

Workout

      Hoje, ainda muitos locais que ensinam dança, aplicam o termo "workshop" para mostrar tendências e estilos, sem no entanto fazer jus ao termo e a proposta.    Pesquisando bastante me veio uma sugestão para corrigir este equívoco quando as pessoas forem apresentar suas propostas de trabalho, divulgar um estilo de dança e/ou outra tendência baseada somente na prática, e com poucas informações teóricas.
        O termo que julgo mais adequado para a dança nestas situações é "WORKOUT", que tem como proposta básica o ensinar de forma intensiva, com práticas e vivências onde prevalece pequenas coreografias ou um trecho de coreografia durante o evento.
      Hoje muitos utilizam o termo workshop, mas simplesmente apresentam o estilo (ou a proposta) de uma forma rápida e de maneira as pessoas vivenciarem mais na prática, sem muita preocupação com a técnica propriamente dita e sem muitas informações que acrescentam um maior interesse para quem já domina o estilo da dança.
         O termo WORKOUT parece ser o mais adequado também na dança, porque nas academias este termo define exatamente o que muitos desta área fazem em um "workshop", ou seja, trabalham isso de forma rápida e eficiente, com muita vivência prática para divulgar algo.  
        Workout surgiu com a empresa General Electric com objetivo de eliminar a burocracia e solucionar problemas com mais rapidez.  As academias utilizaram esta proposta como forma de divulgar rapidamente uma modalidade e para quem não possui prática, poder vivenciar e conhecer a idéia da atividade.
       

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Diferenças em como ensinar (Cursos, palestras, etc.)



Palestra: Apresentação sucinta de um assunto ou tema, sem aprofundamento, apresentando-o de forma a despertar o interesse do público.  Tem curta duração e o público geralmente participa como observador, sem muitas intervenções diretas e de forma a desviar do tema.

Curso: Aprofundamento em determinado assunto ou tema, com ênfase no ensino aprendizado de seus participantes.   A exposição é feita, geralmente por acadêmicos ou especialistas, onde estes priorizam mais a teoria que a prática.  Adequado para o público que tem pouco, ou nenhum conhecimento sobre o assunto, exceto os cursos de especialização que visam somente aqueles que dominam o assunto.

Workshop:  Também conhecido como Oficina.   Tem como objetivo a discussão e integração entre mediador e público sobre determinado tema, onde este é abordado de forma mais participativa e prática.

Mesa redonda: Grupo que se reúne, sob a mediação de um moderador, para discutir um tema principal, que deve ser mantido pelo mediador que controla o tempo e o foco do assunto proposto.   Muito utilizado quando o tema proposto denota diversas opiniões diferenciadas com experiências e práticas semelhantes.  Na mesa redonda o público pode ter participação em momentos específicos, perguntando e tirando dúvidas, e todos os seus participantes tem o mesmo direito a intervir na questão apresentada.

Simpósio: Parecido com a mesa redonda, tendo como diferença principal, a exposição de cada participante, sem debate sobre o tema abordado.  No simpósio não são apresentadas conclusões de um tema.

Seminário:  Exposição de uma ideia proposta por um expert em determinada, que não conclui um tema, mas gera novas ideias e discussões a partir do tema proposto.  Divide-se em três fases: exposição (feita pelo orador ou expositor), discussão e conclusão.

Laboratório: Experimentações práticas sobre um tema proposto de forma aos participantes vivenciarem e trocarem experiências entre si.  No primeiro momento o ministrante expõe o assunto e depois somente coordena de forma a não interferir no processo prático. 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A importância da história do Hip Hop

      Quando algumas pessoas ouvem falar em História não imaginam o quanto ela pode ser importante para que conheçamos nosso meio e tudo que envolve nossas vidas.  No Hip Hop não poderia ser diferente, afinal quando nos referimos à Hip Hop, temos que observar o contexto em que ele fora criado e o quanto pode fazer a diferença quando conhecemos todos os aspectos envolvidos nesta cultura.
     Partindo deste princípio, afirmo a importância de contextualizar o Hip Hop dentro da história, principalmente a Norte Americana,  pois embora alguns sites e pessoas afirmem errôneamente que  o Hip Hop é de origem Jamaicana, mas conforme se averigua na história do mundo vemos que este tem origem nos EUA e foi, aos poucos ganhando características particulares, variando de acordo com cada país.
      Quando estudamos a história de um povo podemos entender que tipos de cultura permeiam uma sociedade e como ela se desenvolveu.   Então para as pessoas que ainda acreditam que Hip Hop é um movimento marginal e sem cultura, ligados somente às pessoas pobres ou de imposição de cultura estrangeira sob os países subdesenvolvidos, é porque não foi capaz de investigar a história de seu próprio país e nem tampouco do país que gerou este movimento que utiliza diversas formas de arte para reinvindicar direitos, mostrar "sua cara" e sua identidade para melhoria do mundo.
         Mas como sabemos a força da mídia, e principalmente da Internet, reforço aqui a importância de um estudo mais aprofundado quanto a história de todos os aspectos envolvidos no Hip Hop para que não vejamos mais besteiras copiadas e "coladas" nos diversos sites espalhados pela internet por pessoas que nem sequer se localizam dentro dos contextos históricos, que dirá poder afirmar o que seria Hip Hop.


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Ensinar, Educar ou Reproduzir aprendizado?

Antes de iniciarmos o nosso estudo de hoje, é preciso estabelecer algumas diferenças importantes para nossa reflexão...

Ensinar = Transmitir conhecimentos a outros;

Educar = Promover o desenvolvimento total de alguém;

Reproduzir = Multiplicar o aprendizado.




     Na dança, assim como em qualquer área, há a necessidade de que as pessoas desenvolvam-se em aspectos necessários à atividade  que se deseja aprender.    Tendo em vista muitas formas de se ministrar aulas e transmitir conhecimentos, torna-se necessário compreender o papel de quem está a frente para ensinar, educar ou multiplicar seus conhecimentos.
      Infelizmente a reprodução é a forma mais usual de disseminação de conhecimentos, onde quem aprendeu determinado movimento, gesto ou técnica simplesmente passa adiante tais conhecimentos adquiridos sem analisá-los em todo o seu contexto. 
     Quando ensina-se, o conhecimento é transmitido de uma forma mais detalhada e técnica, oferecendo um desenvolvimento e aprimoramento específico para quem deseja aprender um conteúdo.
   E, o educar já é uma forma mais detalhada de utilizar a reprodução e o ensinamento, para reflexão e aplicação de tudo o que foi desenvolvido  e utilizá-los de forma consciente e que seja possível aperfeiçoá-los.
     Alguns coreógrafos, principalmente, reproduzem o conteúdo que desenvolveram em sua prática pessoal e aplicam sua experiência junto à seus dançarinos.    Já os que ensinam e educam levam vantagem sobre os demais porque o conhecimento e desenvolvimento baseia-se em aperfeiçoamento e estudo aprofundado sobre o que está sendo feito.
     Nota-se a influência destas maneiras de transmitir conhecimentos  nas atitudes dos dançarinos dos grupos de dança, ou seja, quando o dirigente (coreógrafo ou demais) só trabalha com reprodução, temos  a manutenção da figura principal e dos secundários porque este possui a capacidade de aprendizado ou identificação ao estilo de coreógrafo, mais facilmente que os demais.
    Já os grupos onde há ensinamentos, os participantes são aqueles que dominam a técnica de forma a aplicá-la quando solicitada.    Quando o grupo troca técnicas, reconhece limitações e as supera sem comparações ou exclusões, torna-se uma unidade, onde cada um possui diferenças, mas trabalha em prol de um objetivo comum.
     Defendo a aplicação das 3 formas,sendo cada uma aplicável em momentos específicos, mas para isso quem está a frente do grupo precisa democratizar pensamentos e atitudes, de forma a aplicar a teoria da união e respeito.   E quem está no grupo deve participar ativamente, ouvir, pensar e falar com fundamentação para crescer e melhorar.

domingo, 6 de maio de 2012

A Evolução da Dança de Rua

     Quando a Dança de Rua surgiu, na verdade já existia, (mas quando esta começou a ser divulgada e reconhecida) tinha como rótulo inicial o nome de "BREAK", porque nela era constituída toda e qualquer dança produzida nos guetos americanos juntando a cultura de cada região e experiências pessoais em momentos de lazer. Nesta época os estilos mais conhecidos eram o Popping, Locking e o B-Boy, juntos formavam a dança denominada Break, mas depois com as especializações dos dançarinos em estilos diferenciados o Break passou a ser chamado de Dança de Rua e surgiu então uma nova tendência: a de aperfeiçoamento e de criação de novos estilos.
     Com o passar dos anos  a Dança de Rua passou a ser reconhecida pela mídia e divulgada em muitos outros ambientes diferentes daqueles onde foram criados, com isso as diversas culturas passaram a influenciar nos estilos e criaram-se muitos outros, mas tendo como base a tradicional Dança de Rua.  
     Infelizmente muitos dançarinos e intelectuais passaram a se autodenominar especialistas e filósofos de dança, sem ao menos situarem-se no contexto, estudarem ou vivenciarem suas práticas, divulgando algumas tendências errôneas a respeito da Dança de Rua, tanto que não se vê nenhuma pesquisa ou estudo específico sobre Dança de Rua nas Universidades sem que haja relação com as danças antigas e normatizadas ou com algum cunho didático-pedagógico (até porque os orientadores são leigos no assunto e não admitem orientar algo em que não se encontram habilitados, com isso propagam-se muitas idéias e conceitos equivocados).   Gostaria muito de ver um Professor Universitário de Dança de Rua (ou Dança Urbana - ARGH!) que fosse realmente especialista na área e não um Professor de Balé ou Dança Contemporânea falando de assuntos aos quais não conhece com profundidade.
      Hoje a Dança de Rua está presente em comerciais e programas de competições de dança e em muitos outros segmentos da sociedade, mas fica a pergunta: o que vemos é realmente Dança de Rua ou é uma dança que o público quer ver? A Dança de Rua é feita de malabarismos somente? 
      Muitos adeptos deste estilo de dança tem grande resistência a novas tendências, mas outros, em contrapartida, destroem completamente as raízes de um estilo com características bem claras e o transformam em algo vendável ou intelectualizado demais.     Queria saber se eles se permitem deixar de lado as normas das danças clássicas e normatizadas que classificam como essenciais para o aprendizado da dança?  Porque a Dança de Rua tem de se subverter tanto ao ponto das pessoas acharem que não é possível ensinar um giro sem a base do balé, por exemplo?
      Hoje a Dança de Rua possui uma gama de vertentes, mas muitas delas não possuem sequer vínculos com a base da mesma, nem tampouco com a filosofia Hip Hop, caindo muitas das vezes, na obscura área das danças mutáveis, vendáveis e descartáveis.
      Fico aqui com algumas perguntas: 
*  A Dança de Rua realmente evoluiu ou se vendeu para evoluir?  
* Porque os dançarinos tradicionais tem tanta resistência a olhar novas tendências se a Dança de Rua é uma cultura feita pelo povo e para o povo?
*  Quando teremos Professores especialistas em Dança de Rua nas universidades que são realmente especializados na área?
*  Porque os verdadeiros pesquisadores na área de Hip Hop não são valorizados? E porque alguns não ampliam seu horizontes dentro do Hip Hop?


terça-feira, 1 de maio de 2012

A mídia e o Hip Hop

      Muito se deve aos meios de comunicação, principalmente hoje em dia, quando a informação viaja muito mais rapidamente graças à internet.   Muito se investe neste meio de comunicação, mas muito se negligencia com a ânsia de estar à frente nas informações.
     Sabemos que no meado da década de 1980, a mídia teve importante papel nas artes, principalmente na música e na dança, mas infelizmente muitos dos que fazem parte da mídia não são "experts" naquilo que divulgam e nem tampouco procuram pessoas especializadas para que façam as divulgações de forma correta e com o máximo de informações fidedignas.
      Muitos criticam os programas e filmes onde a Dança de Rua é amplamente divulgada, mas poucos percebem a importância que estes programas tem para a divulgação de uma cultura de rua, repleta de códigos e símbolos, mas muitos também não aceitam que estes códigos devem ser respeitados em suas tradições, e no final, tudo acaba sendo jogado no mesmo "cesto" da cultura descartável e de consumo fácil.
       O Hip Hop é uma filosofia de vida onde seus adeptos usam a Dança, a Música, o Canto, a Arte e o Esporte como forma de mostrar uma comunidade, uma sociedade e todos os aspectos nestas  envolvidas, seja de forma positiva ou de forma negativa.   Para alguns chega até a ser comparada com uma religião, onde o princípio básico é o de fazer o bem e melhorar o mundo (ou pelo menos o meio onde convive).   No próprio meio, alguns se consideram adeptos do Hip Hop e nem sequer chegam ao ponto de fazer algo para mudar alguma situação, mostram em vídeos postura totalmente contrária ao que se propõe o Hip Hop, desrespeitando raças, sexos e mostrando-se muitas das vezes mais radicais e preconceituosos que aqueles que o criticam.   Respeitar as tradições mas dar oportunidade para aquisições de novas formas de cultura, até porque o Hip Hop é uma cultura da rua e das comunidades, para estas e com a participação destas, logo esta é mutável, sem no entanto deixar de existir.
    Em parte concordo quando dizem que a mídia é a grande culpada por programas de competições de dança onde seus produtores, diretores e até mesmo, jurados não tem conhecimento algum quanto aos estilos de Dança de Rua e tampouco da filosofia Hip Hop.  Com isso muito se fala em Hip Hop, mas pouco se conhece, até porque muitos querem saber de danças de rua   elaboradas e cada vez mais sofisticadas em seus programas, afinal é o que o público quer ver. Impressiona quem não conhece e garante público.
     Muitos dos meios de comunicação pecam pelo fato de não procurarem realmente quem conhece sobre o assunto, preferindo toda e qualquer informação com pessoas que conseguem se destacar em festivais e outros eventos que as projetem. 
     Não sou contra a mídia divulgar o Hip Hop, mas contra aquilo que se tem feito para se conseguir divulgação e público.  Arrisco até a dizer, que nos grandes festivais de dança e de Hip Hop ainda não vemos pessoas de qualidade e de conhecimento real no que vem a ser Hip Hop.
       O que as pessoas deveriam aprender,  é a usar a tecnologia e a mídia de forma mais eficiente que não seja simplesmente a de vender o produto e em seguida, torná-lo descartável.   Ou seja, pensar que a informação e a cultura deveriam serem consideradas como um alimento que não pode ser consumido apenas como forma a saciar uma fome, mas também para manter corpos e mentes  saudáveis.




domingo, 11 de março de 2012

Rotinas de B-Boys, Falta de criatividade ou Modismo?

      Quando as pessoas falam em Dança de Rua, a primeira imagem que vem à cabeça de alguns, principalmente os leigos, é a do dançarino que rodopia no chão e dá saltos que desafiam as leis da Física.   Sabemos que não é somente isto, mas hoje  trago uma questão que me incomoda sempre que vejo alguns B-Boys (B-Girls) dançando... Hoje em dia porque muitos dos dançarinos não possuem características próprias e copiam, inclusive trejeitos e maneiras, de outro que sabe ser original?  
     A Dança de Rua em si já possibilita uma gama de movimentos novos e misturar estilos para se montar uma sequência coreográfica, então porque precisa-se copiar até gestos de outro?  Tomemos como exemplo o Top Rock.  Muitos dos dançarinos quando fazem esta entrada em um racha (ou batalha) adotam posturas de muitos outros dançarinos que o inspiram, quando esta entrada deveria ser um cartão de apresentação deste dançarino.  Uns colocam a palma aberta na frente do rosto, outros abrem os braços e fecham continuamente, e algumas outras formas que parecem pré-requisitos para entrar na roda.  Até o Footwork acaba sendo tudo igual (quando o fazem).
     O que falta na galera que anda praticando o estilo B-Boy hoje? Criatividade para montar uma forma pessoal de dançar? Será que os dançarinos tem preguiça de pesquisar sobre o que gostam e se limitam somente a dançar e ser iguais à outros que o inspiram e/ou o desafiam?
     Não sei e nem posso responder a estas perguntas, mas o que vejo hoje é um empobrecimento do estilo B-Boy, mesmo tendo altos índices de dificuldades técnicas e com movimentos cada vez mais elaborados.  Noto, principalmente, que o dançarino(a) anda perdendo a personalidade e se limitando cada vez a copiar aos invés de pesquisar e inovar.  
      Hoje vejo muitos B-Boys (B-Girls) se dizendo dançarinos de Break, mas poucos realmente o são.  Insisto em dizer que dançarino de Break, na essência do estilo, deve saber o estilo Popping, Locking e B-Boy, tendo este último não somente a parte acrobática, mas incluída nas suas rotinas (de forma original e pessoal e não cópias, mas referências) o Top Rock, o Up Rock, o Footwork e outras características que tornaram o B-Boy a figura mais lembrada dentro da Dança de Rua.  

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

B-Boy: Malabaristas, Ginastas ou Dançarinos?

Começo este artigo com uma pergunta que para muitos pode parecer absurda, mas infelizmente, muitas pessoas praticam este estilo mas pouco sabem a respeito. Por isto, antes de começar é melhor explicar o que significa "B-Boy". Sim, é preciso explicar porque já ouvi alguns destes dançarinos dizerem tanta besteira que cheguei a me assustar com tamanha falta de estudo de uma atividade que dizem gostarem.

Algumas definições que já ouvi para este termo: "Bad Boy", Beat Boy" e "Break Boy".  De todos estes, apenas o último é o correto, mas poucos sabem explicar o porquê deste termo.  Então aproveito para justificar uma falha em algumas afirmativas. Primeiro, o termo se refere aos praticantes do estilo Break, hoje poucos são os que realmente praticam o Break em sua essência (Popping, Locking e B-Boy), mas o termo serve para identificar os praticantes deste estilo (e isto ninguém pode negar), mas a dizer que dançam Break, isto muitos estão longe de fazer.  Outra justificativa para o termo, é que as pessoas marcavam o ritmo no "Break" da música, ou seja, nas paradas características das batidas das músicas de Hip Hop, quando este surgiu, mas como naquela época (década de 70), os dançarinos dançavam todos os estilos, sem distinção, o termo servia para diferenciar os dançarinos de Hip Hop dos demais.

Agora sim, vamos justificar o porquê da pergunta do título do artigo. Quando a Dança de Rua surgiu, os dançarinos faziam rotinas diferenciadas (Locking, Popping e B-Boy) dentro de suas apresentações e conforme alguns foram se especializando em um ou outro estilo (fora que foram surgindo outras vertentes e outros estilo) alguns se especializaram na parte acrobática da Dança de Rua, sendo conhecidos então como B-Boys.

Os B-Boys mais tradicionais sempre mantiveram uma preocupação em realizar seus movimentos dentro do ritmo da música.  Mas infelizmente (digo isto pois sou simpatizante daqueles que dizem fazer Dança de Rua no ritmo da música - mostra mais sua capacidade técnica do estilo), muitos só  fazem acrobacias de níveis difíceis e dizem que dançam.  Este último para mim deveria estar em uma categoria específica: Performance acrobática de B-Boy.  Não falo para serem excluídos, mas para que estes não entrem em competições e sejam avaliados somente pelas performances acrobáticas (a não ser que seja a intenção do evento), mas deveriam serem avaliados se estes movimentos se encaixam no ritmo da música.

Hoje vejo muitos B-Boys preocupados em fazerem malabarismo e movimentos que parecem mais uma rotina de ginastas de GRD, e não de dançarinos.  Volto a repetir, o dançarino deve estar preocupado com o ritmo que o movimento vai gerar e acompanhar a música, senão fica um movimento "sujo" e somente acrobaticamente mais difícil.  

Os que gostam deste estilo deveriam procurar treinar suas rotinas dentro do ritmo da música, para que assim tenham uma perfeita sincronia técnica de movimentos com a música.  Assim não precisariam serem chamados de malabaristas ou ginastas da Dança de Rua (a não ser que se crie uma categoria específica), e serem respeitados e chamados de Dançarinos.



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Deslocamento coreográfico em Improvisos



Uma das características da Dança de Rua é a improvisação, mas muitos nunca estão atentos para alguns pontos e acabam tornando os improvisos previsíveis e por vezes maçantes.  Por isto é importante que se estejam atentos à alguns detalhes que podem enriquecer este momento muito singular na Dança de Rua.

Em primeiro lugar destacamos os mais conhecidos improvisadores, os B-Boys (ou B-Girls, afinal a Dança de Rua hoje é mais democrática que antes).  Estes dançarinos já tem por tradição o improviso, em rachas (batalhas, ou outro nome que hoje tenha tais eventos - inventam muita nomenclatura para diferenciar alguns eventos), por isso estes já tem em sua proposta corporal alguns gestos que são treinados arduamente de forma a se destacarem e tornarem-se referência para alguns outros, seja como modelo para os iniciantes e amantes deste estilo ou como motivo para serem superados por seus oponentes.  Como geralmente o espaço para improvisações de B-Boy (B-Girl) é limitado e pequeno (se comparados com um palco, por exemplo), estes já tem uma rotina corporal que se adapta à pequenos espaços.  Mas o que estes podem fazer quando se encontram em espaços maiores e livres para suas performances?  

O principal, seja para B-Boys (B-Girls) ou outro dançarino de Dança de Rua, é o aproveitamento de todos os espaços disponíveis para sua performance.  Quando o dançarino aproveita cada pedaço disponível, este mostra-se capaz tecnicamente em muitos aspectos (deslocamento, velocidade de membros, coordenação, ritmo e muitas outras valências importantes para quem dança).  

Uma das regras principais nas improvisações é dançar no ritmo da música, o que infelizmente não acontece com grande parte das performances de B-Boy (B-Girl) pois estes muitas das vezes priorizam os movimentos acrobáticos em detrimento do ritmo que está sendo tocado durante sua performance, muitas das vezes com Top Rocks pobres e sem nenhuma novidade (como se fosse um pré-requisito de ginástica rítmica desportiva) e curtos Footworks (quando estes ainda fazem parte da rotina).  Destaco estas duas rotinas, porque ate à bem pouco tempo estes faziam parte de entradas no trabalhos dos B-Boys (B-Girls), hoje prevalece apenas os Top Rocks e Up Rocks.  

O trabalho de B-Boy (B-Girl) permite um aproveitamento tão grande do espaço (quando este é permitido), seja na forma de Top Rocks, Up Rocks e Footworks, que um bom dançarino sabe ser original em todos estes momentos e se ajustar tanto ao ritmo quanto ao espaço que dispõe para mostrar seu nível técnico.

Quando o improviso é em outros estilos de Dança de Rua, destaco uma atenção especial para os gestos em sincronia com a música e deslocamentos sem caminhadas e corridas (a não ser que esteja dentro de um contexto temático).  O dançarino que sabe improvisar deve sentir a música e transmiti-la com seus gestos, aproveitando cada pedaço disponível, bem como explorar os diversos planos e eixos, ora estando no alto (com saltos e outros recursos) e ora explorando o solo com deslizes, rolamentos e outros.  Esta é uma forma de ter sua rotina valorizada, não somente tecnicamente, mas de forma a manter o público atento ao que está sendo feito.  Nada mais pobre em uma rotina de dança, que um dançarino previsível, sem originalidade nos movimentos, repetitivo e que não explora o espaço que dispõe.

Para quem não gosta de rotinas coreografadas (caso muito comum em B-Boys / B-Girls) recomendo que façam aulas com profissionais competentes e descubram a importância de uma sequência pré-estipulada como forma de enriquecer seu repertório corporal (muitas das vezes restritos a gestos de força e explosão).  Isto faz com que seja desenvolvida uma memória corporal maior, permitindo inclusive que se prepare alguns gestos previamente sem o risco de que este fique ruim quando interligá-los em uma rotina).  em resumo, treinar os mais diversos estilos permite um enriquecimento técnico capaz de elevar o nível técnico de quem gosta de improvisar.

Aproveito para destacar um trecho de um texto muito divulgado na Dança de Rua quando se fala em B-Boys / B-Girls: "...o bom dançarino não cai, improvisa movimentos...", e é por este princípio que as pessoas que são adeptas desta maneira de dançar, devem regrarem-se, afinal improvisar é a arte de criar movimentos que o corpo sente quando ouve uma música e o transmite de forma a ilustrar esta música sem um rotina prévia (coreografia prévia).





terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Deslocamento coreográfico na Dança de Rua


Uma das piores características na Dança de Rua tem sido o deslocamento coreográfico, ou seja, a forma que o(s) dançarino(s) vão de um ponto para outro durante a apresentação.  Na Dança de Rua onde predomina a coreografia (neste caso não estamos falando de improvisos de B-Boy), vê-se uma característica que "suja" a coreografia (a não ser que se tenha um motivo ou uma mensagem com tal deslocamento) que é a simples caminhada.

A caminhada simples para ir de um ponto para outro, parece um recurso de quem não consegue se deslocar fazendo movimentos e intercalando movimentos de pernas diferenciados para chegar à um determinado ponto.  Me perdoe quem gosta deste recurso, mas parece falta de criatividade para atingir um ponto desejado.  As caminhadas e as corridas curtas são duas das principais características da Dança Contemporânea (eu particularmente, não vejo muita necessidade do uso destes recursos, a não ser que venha acompanhada de um roteiro corporal e um contexto que se faça jus a este recurso).

Analisemos então as caminhadas durante as coreografias de Dança de Rua: 
* Alguns utilizam como forma de reunir um grupo em determinado ponto do palco. 
* É uma forma de entrar e sair do palco quando não é necessário em determinados pontos da coreografia.
* Maneira encontrada para formar imagens de forma rápida e sincronizar com determinado momento da música.
* Forma de ganhar impulso para um movimento de força e/ou explosão muscular.
* Integrado como forma ilustrativa dentro do contexto à que a coreografia se propõe a passar para o público (mensagem).

Com relação aos dois últimos pontos colocados, tem realmente uma lógica para que esta movimentação simples aconteça, mas nos três primeiros não há a necessidade de que se façam caminhadas.   Pode-se reunir o grupo em determinado ponto do palco ampliando uma passada, um giro e combinações de movimentos de deslocamento que acrescentam muito mais e tornam a coreografia mais dinâmica e técnica.  Quanto a entrada e saída de palco, sugiro que se for uma simples apresentação de um número coreográfico, que os componentes entrem e se posicionem antes da música começar, caso não seja possível, porque não entrar dançando, saltando, rolando e/ou girando?  Para se formar imagens, fica mais técnico e com nível de dificuldade elevado, se os componentes tiverem disciplina e paciência de elaborar suas movimentações sem o uso da caminhada.  

O problema de muitas coreografias de Dança de Rua é que os coreógrafos imaginam alguns movimentos em determinados momentos da música que impressionem, mas esquecem que a coreografia é um conjunto de movimentos intermitentes com intuito à uma plasticidade corporal que ilustra a música e/ou narra uma história.  Não deve ser tratada como pedaços de coreografias ligadas por caminhadas e pequenas corridas.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Balé é a base da dança ?

Muito se houve falar que o dançarino sem a base do balé, não é um bom dançarino, que é necessário que se faça balé para que se tenha uma técnica apurada e coisas deste tipo.   Mas eu pergunto: porque se faz tal afirmação?

Vejamos por exemplo, um simples giro:  O dançarino em pé, posiciona-se de forma que ambos os pés formem uma base segura e de forma que facilitem o giro para a direção desejada. O corpo ajustado de forma que se faça uma linha de equilíbrio entre o apoio (pé que servirá de pivô do giro) e a cabeça, de forma a provocar o alinhamento do corpo durante o giro.  Os braços abrem-se de forma a facilitar a alavanca inicial do giro e depois movimentarem-se no sentido que provoque um deslocamento do corpo em torno do eixo do corpo e assim ocasionando o giro.  Para que este não provoque tonturas ou desequilíbrio após terminado, utiliza-se do movimento de cabeça, onde esta é a última a sair do estado em que se encontra e a primeira a chegar após o giro na posição em que estava antes.

De forma simples, sem muitos detalhes foi mostrada aqui a técnica básica de um giro.  Isto um profissional competente e que se preocupa com a Biomecânica do movimento e todos os aspectos envolvidos neste movimento, sabe explicar.  Volto a perguntar: Porque algumas pessoas acham que somente o balé é quem pode dar tais bases técnicas?  

Já notaram que muitos dos alunos formados como bailarinos profissionais, desconhecem o porquê dos exercícios que fazem durante as aulas? Hoje noto que muitos Professores(as) apenas repetem exercícios que aprenderam em sua formação como bailarinos e os repassam sem nenhum questionamento por partirem da premissa que balé é a base de tudo, logo, tudo o que é feito durante as aulas que teve deve ser repassado sem questionamentos.  Infelizmente não é só na dança que isto acontece, vemos isto também nas lutas (mas este assunto não cabe aqui no momento).

O bom profissional sabe as intenções do movimento, bem como seus efeitos nas articulações, os exercícios preventivos e os cuidados durante seu aprendizado.  E isto, sinto muito quem não concorda, toda e qualquer dança pode informar, desde que se tenha um profissional estudioso no assunto.

A intenção deste pequeno artigo são poucas:
* Repensar e estudar as técnicas  que são desenvolvidas nos estilos de dança que se deseja aprender;
* Dedicar-se a dança que gosta com afinco de forma a aprimorar a técnica e torná-la tão eficiente quanto qualquer outra;
* A dança tem características em comum, só precisa que se estude as características daquela que se esteja treinando e esta seja feita de forma consciente (sem "adestramentos");
* Buscar suprir falhas de algumas técnicas, procurando estudar, detalhadamente, as de outros estilos de dança.  Nenhuma dança é perfeita... nem o balé (infelizmente para alguns que não conseguem ver a importância de uma integração das técnicas existentes).